DA SÉRIE DAS HISTÓRIAS BORDADAS SOBRE A SEDA

Uma raposa branca e a imperatriz
delgada/
oculta beleza sob
pérolas e um céu com pássaros de um só olho

Ning Tzu

Um punhal de pedras coloridas
um anel. O rio ancestral reflete seu rosto
seu riso. A superfície aquosa da seda flutua
o navio fantasma suave

O vento em lâminas invisíveis. Faíscas de ouro

Ning Tzu abaixa-se para apanhar o anel
Na ponta dos dedos, a raposa. Selvagem acaricia
a terra sagrada. Três borboletas azuis e ratos agilíssimos
invadem o mundo dos sonhos. O dia escura

Um punhal ligeiro agoniza a luz sobre a pele

O navio se vai, deixando para trás
a delicadeza de uma água levemente revolta
Ning Tzu reclina-se bela sob o baldaquim
em silêncio. Sua cabeça é levada ao imperador

Dorme por cinqüenta e seis anos. À noite, seus sonhos
dão-se a ver vagando pelo bosque
e findam na estampa urdida sobre o
tapete carmim, azul e amarelo do Palácio Iluminado

© Jussara Salazar
从: Natália
Travessa dos Editores, 2004
录制: Literaturwerkstatt Berlin, 2012

Aus dem Zyklus der auf Seide gestickten Geschichten

Eine weiße Füchsin und die Kaiserin
schlanke
versteckte Schönheit unter
Perlen und einäugigen Vögeln am Himmel

Ning Tzu

Dolch verziert mit bunten Steinen
ein Ring. In dem uralten Fluß zittert ihr Spiegelbild  
ihr Lächeln. Fließender Glanz der Seide leichthin  
schwebt das Geisterschiff   

Der Wind über unsichtbaren Klingen. Goldene Blitze

Ning Tzu neigt sich, um den Ring zu fassen.
Mit den Fingerspitzen, die Füchsin. Wie im Rausch rührt sie
an die heilige Erde. Drei blaue Falter und quirlige Ratten
dringen in die Träume. Der Tag dämmert

Ein Dolch blitzt auf das Licht stirbt auf der Haut.

Das Schiff legt ab, hinterläßt
wie eine Zeichnung eine leise Bewegung des Wassers.
Ning Tzu sinkt unter den stillen
Baldachin. Ihr Kopf wird dem Kaiser gebracht.

Sie schläft sechsundfünfzig Jahre. Nachts
durchstreifen ihre Träume den Wald erscheinen
und verharren in dem Bild gewebt in die roten
die blauen die gelben Teppiche des Erleuchteten Palastes.

Deutsche Fassung von Christian Lehnert
entstanden im Versschmuggel, Poesiefestival Berlin 2012