Armando Silva Carvalho
OS FRÍVOLOS
Temia estar no mundo
por isso está no mundo.
Um dorso de oiro em suas
mãos se gasta; uma gravata
custa um sobressalto.
A vida basta.
Sai do cinema como quem sai das nuvens
enxuga o corpo com palavras quentes
aluga uma conversa.
Verga-se apenas
para escovar os nervos
e os sapatos.
Espera paciente que a fábrica do mundo
lhe distribua livre o pão das férias
e lhe forneça os fa(c)tos.
Um homem destes pode antecipar a morte.
Ele é aquele que entra
e sai do tempo.
Que julga que medita
se mede os meses
e os meses são de graça.
Um homem destes pode morrer tão velho
como uma criança
e envelhecer tão cedo
que nem a morte o colha.
2
Torciam o nariz.
Falavam de um cheiro
persistente
incomodando a pompa
do sabor
os gases eficazes
que a boca tresandava.
Abanavam com a mão.
E no seu prato
a fruta era um corpo
de náusea,
eram as fezes
sofrendo metamorfoses.
Mostravam dentes firmes.
Mas nunca se sabia se sorriam.
Falavam, mastigavam, destruíam
com a boca a carne e o passeio.
E finalmente
sentados e s
eguros
fumavam ou dormiam.
Celui qui marche sur la terre à
la rencontre des grand Lieux d’herbe:
(...) Celui qui veille, en lieux
stériles, au sort des grandes lignes
télégraphiques...
SAINT-JOHN PERSE