Jussara Salazar
[A fiandeira abriu]
A fiandeira abriu o baú de prata teceu um vestido cor de terra. Vestiu-o e adormeceu em meio ao mato que cobriu a casa branca do cal da escuridão. Nunca mais despertou. O diabo sentado para o jantar ouviu tudo. A noite misteriosa nada escutou: a cruz no peito e o diabo nos feitos
As saias de Juana, a alma, são brancas
Todos os vestidos das mulheres da casa são negros
guardados em baús dobrados no desalinho do tempo
No verão enquanto os tamanduás
passeiam os focinhos compridos
as mulheres de negro cerram as janelas
e fingem o luto choram como bezerras
Rezam ao pé da cruz se descabelam
para depois pecar ao sol com suas vestes
pássaras cantam seus rondós silvestres
pintam os olhos que exibem esquecem
São criaturas de um outro mundo
Juana, a alma de porcelana, nunca chorou
1300 Mis saetas ligeras
les tiraré, y la hambre
corte el vital estambre;
y de aves carniceras