Luís Carlos Patraquim

portugalščina

Richard Pietraß

nemščina

O CÍRCULO

À memória de meu pai

E se não houvesse o Inverno, esquálida brancura
Pendendo das árvores,
Sua seca respiração em pose, sustida;

Se o ritmo das estações reverberasse nas águas
O que em ti foi tumulto, a cor em si bemol
Do figo, matiz de verde sobre o ouro
Da encosta inclinando-se na baía,

E um pássaro se intrometesse na imobilidade
Em que pairas, lira que te humedecesse a pele escamada
E o longo círculo onde vais recolhendo
A voz,

Onde pressinto, grave, todos os percursos do silêncio,
O que em ti foi música e regressa pelos mesmos
Nocturnos caminhos onde a praça se suspende
E o tempo se esvaiu,

- lábil, intumescida, só a folha
e da luz o que a gelosia retalha, sombra
textuando-se no lajedo sossegado –

Não fora isso e a linha entre continentes,
Ao de leve esfarelando-se em teu corpo,
E a mão que um dia se abriu e ora
Pousa o último tremor sobre o lençol,

E o teu silêncio, o teu silêncio, onde
Florescem, sangrentas, as acácias da Rua de Lidemburgo
E Lagos estremece em azul e punge
Uma solidão ática e um boi se recolhe
No labirinto da aorta que infla,

A boca, a tua boca e o teu silêncio
E não mais a pergunta, nenhuma,
E o teu pasmo e o das estrelas, ao de leve
A cacimba lenta submergindo-te o rosto,

Pela tarde onde caminho,
E a pedra se inscreve no sol que neva.

© Luis Carlos Patraquim
unveröffentlichtem Manuskript,
Avdio produkcija: Literaturwerkstatt Berlin 2008

Der Kreis

Dem Gedächtnis meines Vaters

Und wär der Winter nicht, schmuddelweiß
Hängend von den Bäumen
Innehaltend in hüstelnder Pose

Wenn der Rhythmus des Jahrs in den Wassern hallte...
Was in dir Aufruhr war, die Kernfarbe g-Moll
Die Feige, grünschattend auf dem Gold
Des Hangs, der in die Bucht fällt

Und ein Vogel drängte in die Starre
In der du schwebst, Harfe, die deine rauhe Haut netzte
Und der elliptische Kreis, den du, die Stimme
Sammelnd, gehst

Wo ich, schwermütig, alle Schweigewege ahne
Was Musik in dir war und auf selben nächtlichen
Pfaden zurückkehrt, wo dein Markt öd ward
Und die Zeit leer

– Brüchig gebläht nur das Blatt
Und vom Licht, welches das Fenster ausschneidet, Schatten
Gewebt aufs stille Pflaster –

Wäre dies nicht und die Scheidelinie der Kontinente
Die sich auflöst in deinem Körper
Und die gebend geöffnete Hand, die nun
Auf dem Laken zuckt

Und dein Schweigen, dein Schweigen
In dem die Akazien der Rua de Lidemburgo blutig blühen
Und Lagos blau erzittert und schmerzt
Eine attische Trauer und ein Stier, der sich zurückzieht
Ins Labyrinth der schnaubend geblähten Aorta

Der Mund, dein Mund und dein Schweigen
Jenseits der großen Frage
Dein Staunen und das der Sterne
Leichthin der kriechende, nasse Nebel über dein Gesicht

Am Nachmittag, da ich wandre
Und der Stein sich ins Eis der Sonne schreibt.

Deutsche Fassung von Richard Pietraß.
Die Übersetzung entstand im Rahmen des Übersetzungsworkshops VERSschmuggel des Poesiefestivals Berlin 2008