Rui Cóias
[Não há lugares, nunca houve, nem mesmo antigos]
[Não há lugares, nunca houve, nem mesmo antigos]
Não há lugares, nunca houve, nem mesmo antigos.
Há o que olhamos neles, a sua marca de pó de tijolo que os faz sumir.
Só assim conseguimos chegar. Só brandamente, para lembrarmos.
Não para tocar as colunas liláses ou fazer a travessia no veleiro das tangerinas.
Só vagamente andamos. Não caminhamos, debaixo do sol.
Os pés dos nómadas não enegrecem com as areias e as águas de pequenos portos.
São os ulmeiros que nos protegem e não os seus terraços. A marca de pó fere-nos numa gota desmaiada, podemos entretê-la mesmo entre os dedos que não petrifica. Nada mudou desde o primeiro queixume: — foi com os olhos que partimos na linha do Mediterrâneo e são as oliveiras o seu diurno limite.