Cláudia Bilé 
Translator

on Lyrikline: 3 poems translated

from: немецкий to: португальский

Original

Translation

Zufall

немецкий | Martin Auer

Wenn statt mir jemand anderer
auf die Welt gekommen wär'.
Vielleicht meine Schwester
oder mein Bruder
oder irgendein fremdes blödes Luder -
wie wär' die Welt dann,
ohne mich?
Und wo wäre denn dann ich?
Und würd' mich irgendwer vermissen?
Es tät ja keiner von mir wissen.
Statt mir wäre hier ein ganz anderes Kind,
würde bei meinen Eltern leben
und hätte mein ganzes Spielzeug im Spind.
Ja, sie hätten ihm sogar
meinen Namen gegeben!

© Martin Auer
from: Was niemand wissen kann. Seltsame Verse und sonderbare Geschichten
Weinheim: Beltz & Gelberg, 1986
ISBN: 3-407-78114-8 [vergriffen]
Audio production: 2001 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

Acaso

португальский

Se em vez de mim tivesse
outro vindo à Terra.
Talvez a minha irmã
ou o meu irmão
ou um idiota imbecil desconhecido –
como seria então o mundo
sem mim?
E onde estaria eu então?
E será que alguém teria saudades minhas?
Ninguém saberia de mim.
Em vez de mim, estaria aqui uma criança completamente diferente,
viveria com os meus pais
e teria todos os meus brinquedos no armário.
Sim, até lhe teriam
dado o meu nome!

Traduzido por Cláudia Bilé
Esta tradução foi concebida no âmbito de um seminário de Mestrado de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Abschied

немецкий | Irmela Brender

Du hast gesagt, wir müssen Abschied nehmen.
Du bist bald tot, und ich soll mich nicht grämen.
Was heißt, nicht grämen?, hab ich dich gefragt.
Das heißt, nicht traurig sein, hast du gesagt.

In deinem Alter ist man satt vom Leben,
hast du gesagt, mir einen Kuss gegeben
und aufgetragen, in den Park zu gehen,
dort, wo die Buchen um den Weiher stehen.

Dort sind wir in den Ferien oft gewesen.
Du hast mir was erzählt, was vorgelesen,
und manchmal haben wir auch nur geschwiegen
und Vögeln nachgeschaut, wie sie dort fliegen.

Dass flache Steine übers Wasser tanzen,
wenn man sie richtig wirft, und welche Pflanzen
man essen kann, hast du mir beigebracht,
und wie man mit ´nem Grashalm Töne macht.

„Wenn du dich dort an mich erinnerst, wirst du spüren,
ich bin bei dir. Du kannst mich nicht berühren“,
hast du gesagt, „und dennoch bin ich nah.
So lang du an mich denkst, bin ich noch da.“

Jetzt bist du tot, und ich geh zu den Buchen
beim Weiher dort im Park, um dich zu suchen.
Ich denk an dich so fest, wie ich nur kann,
und fange trotzdem gleich zu weinen an.

Du fehlst mir so! Es gibt so viele Sachen,
die ich erzählen will, so viel zum Lachen,
was niemand außer dir so recht versteht –
kannst du dir denken, wie es mir jetzt geht?

Du hast so gut begriffen, was ich meinte.
Du hast mich so getröstet, wenn ich weinte,
und dann hast du gesagt: „Jetzt aber Schluss!
Weil jeder Kummer auch mal enden muss.“

Ja, du hast Recht – jetzt spür ich, dass du nah bist.
Nicht so, wie wenn jemand tatsächlich da ist,
nicht wirklich. Aber trotzdem ist es wahr –
ich denk an dich, und du bist da!

© Verlag Friedrich Oetinger
from: War mal ein Lama in Alabama. Allerhand Reime und Geschichten in Gedichten. Mit Illustrationen von Verena Ballhaus
Hamburg: Verlag Friedrich Oetinger, 2001
ISBN: 3-7891-3132-6
Audio production: 2003 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

DESPEDIDA

португальский

Disseste que tínhamos de nos despedir.
Em breve morrerás e eu não me devo afligir.
Não conheço essa palavra. Ajudaste-me a entender.
Agora sei, significa não entristecer.

Na tua idade, tu disseste,
já se está cansado, um beijo me deste
e de ir ao parque ficaste encarregado,
onde estão as faias, lá ao lado.

De férias, várias vezes lá fomos passear
Muito tinhas para me ler e contar
e às vezes nossos lábios em silêncio ficavam
a observar as aves, como elas voavam.

Como a pedra lisa sobre a água dança,
quando de forma correta se lança
e que plantas se podem comer, aprendi contigo,
e como de uma folha tirar um sonido.

"Quando lá estiveres e em mim fores pensar,
sentirás que estou ao teu lado. Não me podes tocar”,
disseste tu, “e apesar disso estou perto.
Ao pensares em mim, estou lá é certo.”

Já morreste e eu para o pé das faias vou
junto ao lago, para ver se contigo dou.
Com muita força dou por mim em ti a pensar
Mas apesar disso começo logo a chorar.

Fazes-me tanta falta! Quero-te contar,
Tanta coisa, muitas com o poder de alegrar,
que ninguém para além de ti consegue entender –
como me sinto, consegues perceber?

Compreendias tão bem o que eu queria expressar.
Consolavas-me, quando eu começava a chorar,
e depois dizias: “Não continues assim!
Porque todos os desgostos também têm fim.”

Sim, tens razão – sinto que estás aqui.
Mesmo não estando de verdade ao pé de ti,
mas, contudo, é real, não irás
eu penso em ti e tu lá estarás!

Traduzido por Cláudia Bilé
Esta tradução foi concebida no âmbito de um seminário de Mestrado de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Weihnachten

немецкий | Jutta Richter

Was würdest Du machen, wenn Weihnachten wär´
und kein Engel würde singen.
Es gäbe auch keine Geschenke mehr,
kein »Süsser-die-Glocken-nie-klingen«.
Im Fernsehen hätte der Nachrichtensprecher
Weihnachten glatt vergessen.
Und niemand auf der ganzen Welt
würde Nürnberger Lebkuchen essen.
Die Nacht wäre kalt.
Dicke Schneeflocken fielen,
als hätt´ sie der Himmel verloren.
Und irgendwo in Afghanistan
würde ein Kind geboren.
In einem Stall, stell es Dir vor.
Die Eltern haben kein Haus.
Was glaubst Du, wie ginge wohl dieses Mal
eine solche Geschichte aus?

© Jutta Richter
from: unveröffentlichtem Manuskript
Audio production: 2000 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

Natal

португальский

Que farias se fosse Natal
e nenhum anjo cantasse.
Se não houvesse também nenhum presente,
nem “Sinos de Belém”.
Se na televisão, o jornalista
tivesse esquecido completamente o Natal.
E se ninguém em todo o mundo
comesse os sonhos tradicionais.
A noite seria fria.
Grandes flocos de neve cairiam,
Como se tivessem perdido o céu.
E algures no Afeganistão
nasceria uma criança.
Num estábulo, imagina.
Os pais não têm casa.
Como é que achas que acabaria desta vez
uma história assim?

Traduzido por Cláudia Bilé
Esta tradução foi concebida no âmbito de um seminário de Mestrado de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.