Dirceu Villa
pague a sopa. faça um forte. taque fogo.
pague a sopa. faça um forte. taque fogo.
homem-sangue
pura tinta e
tão inteiro
nenhum contracheque
nenhum deus
em ditados
de dormir
quando
cheios
os chiqueiros deste mundo
te entenderam?
te entenderam
caro
querido
nevoeiro?
apanha-gravetos
bolsos semeados
de segredos
seu sorriso
sempre sério
ameaça
o esporte
da inação
saltar por sobre
escolhos quando cães
te perseguem, ó
pássaro
você
impassível
se apresenta
escovando
escombros
de seus ombros
quando os outros
uvas passas
são sombras
inventários
de desgraças
você vive
ó vadio
ó veneno em
voz alta
grande
agressor
dos gorros
dos
gananciosos
a inveja rói
a barra
da sua bata
mas como
quem bate
pó
escova
escombros
de seus ombros
quem sabe
abrir as asas
homem-sangue?
quem te ataca,
nós sabemos,
se consome.