Cuti
OFÍCIO DE FOGO E ARTE
OFÍCIO DE FOGO E ARTE
nossa é esta saga desenhando o silêncio em cores
rebeldia e incenso
ainda que as batalhas
tenham talhado de tão-somente vermelho
lembranças de mar e terra
nosso é este futuro entre luz e sombra
este alto-relevo telúrico
agigantando-se no esboço de todas as madrugadas e no mosaico das tardes
em ondulação muscular galopam as tintas
ao comando de corações pensantes
enquanto gritos vão-se fazendo cantigas sábias
de ninar a memória e seus pincéis incandescentes
se ácidos céus de aço abafam a singela respiração onírica
um afro horizonte reabre seus vitrais
oxumarescendo a vida
nos cios dos séculos
banzaram aguadas lacrimais de anil
agora a mais sutil semelhança epidérmica da história
é linha que realça o elo
do mistério
ousadias de gingar o belo e semear vagalumes sobre as telas
oceânica
esta energia coletiva extrapola a cena de naturezas-mortas
transfigura a moldura
colore a parede branca
e mergulha em vários planos a perspectiva de seus vôos
verdeamarelas garatujas velhas ranzinzando a liberdade
a mão infinitiza em multiplicidade cromática, pele e paisagem de sobejos
desejos
tudo se emprenha de um incessante movimento
vários tons de melanina e a pulsação de um ritual aceso.
Cuti
(Sanga)