Ricardo Domeneck
Mula
Mula
Minha
senhora: os unicórnios
que caem com a raiz
não
voltam mais; ainda
que Van Goghs até
que engasgues,
sigo mula
a indiciar o caso
excepcional
do sem espécie,
self-archived tool, exílio
dos catálogos
a especificar o espaço
para a porcentagem da escolha
do puro, alheia que se agita
antes de abrir, dose cavalar
de juramento e
egüidade. Poupa-me,
Popeye: longe de mim
impor-me híbrida
à tua hípica -
brutalmente homogênea,
especialista em fronteiras,
eject de habitat,
eis-me, excelentíssimo,
a de cascos
não-retornáveis,
nula nulla
tal qual high bred hybrid
relinchando o já morto:
muslos de mulícia,
esterilizável, aureolar,
multívaga
ambiqüestre
de mulas prontas,
perdoai vossa serva
preguiçodáctila aos berros
perturbando vosso áureo
piquenique do sublime,
illicit mule
espirrando em vosso épico.
Não
há Blade
Runner que resista
mesmo euzim
fake mullah,
insciente dos teus métodos,
ó sussurrável, hoof muffler
da palha de meu estofo.
Prometo-me estóica
e subcutânea,
bem fazes em esporear-me
o couro catecúmeno à chuva
do teu cuspe, inestimável
senhor de eco intumescido:
até que a mula
aqui fale
como manda
o figurino,
e encontre a exit
de quem às caras
me dera lamber o mundo
com a própria língua: mulo
fundindo
com a função da forma
os extremos do exorcício e
a fanfarra do sem categoria.