Ana Carolina Santos 
Translator

on Lyrikline: 3 poems translated

from: alemán to: portugués

Original

Translation

Nirgendwo mehr hin

alemán | Uwe Kolbe

Werden auf der Brücke bleiben,
eines in des andern Armen,
küssen sich, weit offne Augen
werden in den Mond sehn.

Haben Vater, Mutter wohl,
haben sie vergessen.
Sind so jung und schon so schwer,
wenn sie sich im Kreis drehn.

Werden Himmeln und Laternen
Liebe und den Ausbruch schwören.
Doch die Lichter, Straßen bleiben
stumm, es wird nur Wind wehn.

Werden von der Brücke nicht mehr,
nicht für Eltern, für die Katz,
nur noch sich und sich gehören,
nirgendwo mehr hin gehn.

© Suhrkamp Verlag Frankfurt am Main 1994
from: Nicht wirklich platonisch. Gedichte
Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag , 1994
ISBN: 3-518-40571-3
Audio production: 2001 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

Jamais a lugar algum

portugués

Irão permanecer na ponte
enlaçados um no outro,
beijando-se, olhos bem abertos,
contemplando o luar.

Têm pai, mãe certamente,
tendo já esquecido.
São tão jovens e já tão difíceis,
quando se movem em órbita circular.

Aos céus e aos candeeiros
Irão jurar amor e fuga.
Apesar das luzes, as ruas permanecem mudas, só
o vento irá soprar.

Não irão deixar a ponte nunca,
nem pelos pais, nem por ninguém,
pertencendo a si e a si apenas,
Jamais irão a algum lugar.

Traduzido por Ana Carolina Santos
Esta tradução foi concebida no âmbito de um seminário de Mestrado de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Vater und Sohn

alemán | Uwe Kolbe

Ein einziges Abstandhalten
und Beieinanderstehn
mit schlenkernden Armen.
Der Vater die Uniform,
der Sohn mit den Rastazöpfen.
Der Vater im Rucksack Preußen,
der Sohn auf dem Surfbrett
zur Mündung der Flüsse hinaus.
Der Vater auf Reisen,
der Sohn die innere Emigration.
Der Vater die Briefe,
der Sohn schweigt.
Vater, ders locker nimmt,
Sohn zu dem Herzen.
Einander Kampf ohne Regel,
ernster als auf dem Spielplatz je,
länger als lebenslang.
Nie sterben die Väter,
hört man, seit Ohren sind,
und selten leben die Söhne.

© Uwe Kolbe
from: Vineta. Gedichte
Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag , 1998
ISBN: 3-518-40990-5
Audio production: 2001 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

Pai e filho

portugués

Uma mesma forma de manter distância
e de estar junto um do outro
com braços balouçantes.
O pai de uniforme,
o filho com rastas.
O pai com a Prússia às costas,
o filho com a prancha de surf
rumo à foz do rio.
O pai de viagem,
o filho na emigração interior.
O pai as cartas,
o filho calado.
O pai, que leva as coisas com calma,
o filho, que as carrega no coração.
Luta sem regras,
mais séria do que alguma vez no recreio,
mais extensa do que a extensão da vida.
Os pais nunca morrem,
Ouve-se desde que os ouvidos o são,
e raramente vivem os filhos.

Traduzido por Ana Carolina Santos
Esta tradução foi concebida no âmbito de um seminário de Mestrado de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Der Glückliche

alemán | Uwe Kolbe

Vielleicht, doch ich kann es nicht so direkt aufschreiben,
vielleicht aber kann ich es anders auch sagen.
Vielleicht ist es eine Erinnerung, die jetzt als ein Aber
den Tag überschneidet, pflügt, vielleicht ist es doch
so, wie ich erhoffte einmal, vielleicht so, jedoch
noch sitze ich, schweige und freu mich vielleicht
und fürchte, daß es zu einfach wäre, vielleicht ein Aber
zu leicht ausgesprochen, das Hauptwort Hölderlins,
das mehr Heimat war als dieser Planet, vielleicht.

Vielleicht schliefen wir in einem Sumpf, und vielleicht
war alles noch ungetrennt, muttermundwarm,
hier nicht sehr wahrscheinlich, vielleicht auch ein Irrtum,
obwohl ich es sah. Trümmer der Kindheit, vielleicht,
und aufgetaucht wider Erwarten nur durch Berührung.
Mag sein, dieser traute Sumpf ist ein ganzes Leben,
doch glaub ich es nicht, vielleicht schon verdorbener,
flüchtiger Schläfer, der ich geworden bin, vielleicht
erlosch ein Lebenslicht, ein sogenanntes, dabei.

Vielleicht lehnte ich es schon immer ab, zu flüchten
in Technik und rannte vielleicht vor Begriffen davon,
auf Augen zu, Augen, die aus Romanen nicht blickten,
sich selbst nicht durchschauten, sonst wären sie nicht,
vielleicht wie die Spiegel, Durchgänge also, mag sein.
Doch weiß ich und lege es mir zurecht, nunmehr sicher,
dahinter sind wieder nur Spiegel, gütig erzeugte
Unendlichkeit. So ist, was ich seh, wenn ich schaue,
ganz sicher nur das, was ich wünsche, vielleicht.

© Suhrkamp Verlag Frankfurt am Main 2001
from: Die Farben des Wassers. Gedichte
Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag , 2001
ISBN: 3-518-41262-0
Audio production: 2001 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

O afortunado

portugués

Talvez, mas não o posso escrever tão diretamente,
talvez, mas também posso dizer de forma diferente.
Talvez seja uma memória, que agora, como um mas
se sobrepõe ao dia, lavra, talvez seja
como eu uma vez esperei, talvez seja, contudo
ainda estou sentado, calado e satisfeito, talvez,
e receio ter sido demasiado fácil, talvez um mas pronunciado
muito levianamente, a palavra principal de Hölderlin,
mais lar que este planeta, talvez.

Talvez dormíssemos num pântano e talvez
ainda nada estivesse separado, calor do ventre materno,
pouco provável aqui, talvez também um engano,
apesar de eu o ter visto. Escombros da infância, talvez,
surgem contra todas as expectativas apenas pelo toque.
Pode ser que este pântano familiar seja uma vida inteira,
embora não me pareça, talvez por já ter sido corrompido,
fugitivo adormecido, no qual me tornei, talvez
se tenha extinguido o que chamam de luz vital, talvez.

Talvez me recusasse sempre a refugiar-me
na técnica e talvez fugisse dos conceitos
para os olhos, olhos que surgiam dos romances
não se compreendendo a si próprios, caso contrário não seriam
talvez como espelhos, passagens também, pode ser.
Porém, eu sei e mentalizo-me, agora com certeza,
de que atrás só há espelhos, infinidade
generosamente criada. Assim, o que eu vejo quando olho,
é, com certeza absoluta, apenas o que desejo, talvez.

Traduzido por Ana Carolina Santos
Esta tradução foi concebida no âmbito de um seminário de Mestrado de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.