Paulo Henriques
portugués
SECHS POSTSKRIPTA AUS DUINO
1
Viel Ansprache habe ich hier nicht
Die Vögel fehlen mir
Auch die Hasen
Von Rehen ist hier keine Rede mehr
Außer auf den Speisekarten und den Straßenschildern im Karst
2
Frühmorgens krähen auch hier die Hähne
Und heute fiel ein Eichhörnchen ein schwarzes
Zerzaust aus einem Baum
Auf den Asphalt direkt vor meine Füße
3
Unlängst spätabends bei Zitronendropsmond
Schauten der Hund und ich einem Igel zu
Neben einer Mülltonne drin Katzen rumorten
Fraß er Papierschnitzel stumpfsinnig
4
Wasser gibt es hier im Überfluß
Es macht mir Angst
Steht der Wind richtig rieche ich es bis ins Haus
5
Und die Bora! Die ganze Nacht
Klappern die Fensterläden liegen
Morgens aus den Scharnieren gerissen in den Büschen
Wetterseitig blättert der Verputz von den Fassaden
6
Auf den Feldern steht noch der Mais vom Vorjahr
Staubig weiß raschelt im Wind
Wieder ist es zu spät
Die Äcker abzubrennen
Platz zu machen für Neues Heuriges
(1989)
De: Der lange geduldige Blick
Mödling : edition umbruch, 1989
Producción de Audio: Literaturwerkstatt Berlin 2008
SEIS PÓS-ESCRITOS DE DUINO
1
Aqui não tenho com quem falar
Sinto falta dos pássaros
E dos coelhos
Dos cervos aqui já não se fala
Salvo nos cardápios e placas de rua do Carso
2
De madrugada os galos também cantam aqui
E hoje um esquilo preto caiu
Desgrenhado de uma árvore
No asfalto bem à frente de meus pés
3
Ainda há pouco noite alta a lua uma bala de limão,
Eu e o cachorro vimos um ouriço
Junto a uma lata de lixo cheia de gatos barulhentos
Ele comia aparas de papel estupefato
4
Água aqui flui abundante
Ela me dá medo
Quando venta na direção certa vem seu cheiro até a casa
5
E o bora! A noite inteira
As persianas estremecem pela manhã
Há dobradiças arrancadas caídas nos arbustos
As intempéries descascam a cal das fachadas
6.
Nos campos o milho do ano passado
Branco de poeira sussurra ao vento
Mais uma vez é tarde demais
Para queimar as roças
E dar lugar ao novo deste ano