João Maimona

portugués

Timo Berger

alemán

[a infância do mendigo e a promessa do poema.]

a infância do mendigo e a promessa do poema.
imensas interrogações sobre a sintaxe da felicidade.
a chuva como resposta tardia quando
a benevolência do império dispersa seu esplendor.
há na calçada do mendigo o mar e o poema.
na espuma azul do novo dia há milhares
de candeeiros desenhado a arquitectura
da convalescência com letras maíusculas.
são janelas misteriosas. anunciados
crepúsculos em cartas de Deus dispersas
por colinas ensoleiradas. de súbito
o coração do mendigo alegra-se
por ler cartas com suspiros de liberdade
e a fome de outros mendigos dedica
uma noite de amor aos loucos do palácio
de exílio quando a chuva se despede da catedral.

© João Maimona
De: O Sentido do Regresso e a Alma do Barco
Luanda: Kilombelombe, 2007
Producción de Audio: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

[des Bettlers Kindheit und das Versprechen des Gedichts.]

des Bettlers Kindheit und das Versprechen des Gedichts.
unermessliche Fragen zur Syntax des Glücks.
der Regen als verspätete Antwort, wenn
ein wohltätiges Imperium all seine Pracht in die vier Winde streut.
das Meer oder das Gedicht steht auf des Bettlers Bürgersteig.
im blauen Schaum des neuen Tags modellieren Tausende
von Straßenlaternen die Architektur
der Genesung in Großbuchstaben.
geheimnisvolle Fenster. aus Gottes Karten
zu lesende Dämmerungen, großzügig
über sonnige Hügel verteilt. plötzlich
erfreut sich des Bettlers Herz
nach der Lektüre von vor Freiheit jauchzenden Briefen,
und der Hunger anderer Bettler widmet
den Irren aus dem Exilpalast eine Liebesnacht, während
der Regen die Kathedrale verabschiedet.

Aus dem Portugiesischen von Timo Berger