planetarium

hören wir uns atmen in der nacht

am morgen ein specht
wertet die lochkarten aus
der gewöhnlichen träume

dort sind wir nicht gewesen

schwärze wie ein fliehendes reh
die uns umschloss fern der häuser

wenig lässt sich sagen

über die verbindungslinien der sterne
die bäume stehen nass und voller tropfen
im planetarium früherer zeit
war es eine lochkarte
die jemand mit nadeln durchstach
wie um die schmerzenden stellen
zu finden.

© Anja Kampmann
Audio production: Haus für Poesie, 2019

planetário

oiçamo-nos respirar à noite

de manhã um pica-pau
pica o ponto 
dos sonhos comuns

não estávamos lá

cor negra como uma corça em fuga
que nos cercou longe das casas

pouco há a dizer

sobre as linhas que ligam as estrelas
as árvores estão molhadas e cheias de gotas
no planetário de outrora 
era um cartão
que alguém perfurava com agulhas
como que para encontrar 
os pontos dolorosos

Traduzido por Carina Goulart
Esta tradução foi concebida em Maio de 2020 no âmbito de um projecto de Tradução Literária Alemão-Português, orientado por Claudia J. Fischer, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.