Ricardo Domeneck

portugiesisch

[aus dem naturkundemuseum weiß ich]

aus dem naturkundemuseum weiß ich:
zerreibe ich sand zwischen meinen
fingern, erde und kohle, ziert das die
rebe nicht, der eber reizt sich, zeigt sich,
schert zeit um sich. wie sind diese
bäume zu verstehen. und machen die
haare auf meinem körper schon eine
wiese. am einfachsten liebt es sich
rückwärts. nimmt man beim singen
einen vogel hinzu, kann man den
pfeifton weglassen. aus dem naturkunde-
museum weiß ich nicht: ist das mein
wald oder deiner. und ein rückstoß der
sich in den gräsern zeigt, wie ein
geräusch, in einer esche grau, eine
scherge auch, einen sucher, schauer, eine
ursache aus. wohin mit dem schorf.

© Ronya Othmann
Audioproduktion: Haus für Poesie, 2018

[do museu de história natural eu sei]

do museu de história natural eu sei:

se esfrego areia entre meus

dedos, solo e carvão, a videira

não se enfeita, se espicaça o porco, mostra-se, 

tosa o tempo ao redor. como se compreende

essas árvores. e bastam os pelos 

do meu corpo para formar

um relvado. a maneira mais fácil de amar

é de marcha à ré. adiciona-se ao canto

um pássaro, pode prescindir 

do assovio. do museu de história

natural eu não sei: essa é minha

floresta ou a sua. e um solavanco

que se mostra no relvado como um 

som, em um freixo cinza, também 

um algoz, um argaço, aguaceiro, um 

ardil a menos. onde por a crosta.

Tradução de Ricardo Domeneck