Narlan Matos

portugiesisch

RIBA

Jaz sem mesojedec, ampak rastlina.
Jaz sem Bog in človek v enem.
Jaz sem buba. Iz mene rase človeštvo.
Jaz imam čisto razlite možgane, kot
cvet, da lahko bolj ljubim. Včasih dam
prste vanje in so topli. Hudobni ljudje
rečejo, da se drugi ljudje v njih
utopijo. Ne. Jaz sem trebuh.
V njem sprejemam popotnike.
Jaz imam ženo, ki me ljubi.
Včasih se ustrašim, da me ona bolj
ljubi kot jaz njo in sem žalosten in
potrt. Moja žena diha kot majhen
ptiček. Njeno telo me spočije.
Moja žena se boji drugih gostov.
Rečem ji, ne, ne, ne se bati.
Vsi gosti so en sam in za nas vse.
Bela vžigalica z modro glavico mi je
padla v stroj. Umazal sem si nohte.
Zdaj premišljujem, kaj naj napišem.
Tukaj živi ena soseda. Njeni otroci zelo
razgrajajo. Jaz sem Bog in jih pomirim.
Ob enih grem k zobozdravniku. Dr. Mena,
calle Reloj. Pozvonil bom in rekel, naj mi
izdre zob, ker preveč trpim.
Najbolj sem srečen v spanju in ko pišem.
Mojstri si me podajajo iz roke v roko.
To je potrebno. To je tako potrebno
kot za drevo, da rase. Drevo rabi zemljo.
Jaz rabim zemljo, da ne znorim.
Živel bom štiristo petdeset let.
Rebazar Tarzs živi že šeststo let.
Ne vem, če je bil on v tistem belem plašču,
ker jih še ne ločim. Ko pišem, imam
drugo posteljo. Včasih se razlijem bolj kot
voda, ker voda najbolj ljubi.
Strah rani ljudi. Roža je najbolj
mehka, če daš nanjo dlan. Roža ima rada
dlan. Jaz imam rad vse. Včeraj sem
sanjal, da se je moj oče sklonil k
Harriet. Ustrašim se drugih žensk in
zato z njimi ne spim. Ampak razdalja med
Bogom in mladimi ljudmi je majhna.
V Bogu je vedno ena sama ženska, in to je
moja žena. Ne bojim se, da bi me gostje
raztrgali. Jaz lahko dam vse, pa še zrase.
Bolj ko dajem, bolj rase. Potem odplava
kot pomoč za druga bitja. Na enem planetu je
zbirni center za moje meso. Ne vem, na
katerem. Kdorkoli bo spil kaj od tega, bo
srečen. Jaz sem cevka. Jaz sem Bog, ker
ljubim. Vse temno imam tu, not, nič
zunaj. Vsako žival lahko presvetlim.
Kruli mi. Kadar slišim sokove v svojem
telesu, vem, da sem v milosti. Jaz bi moral
noč in dan požirati denar, če bi hotel
zgraditi svoje življenje, pa še ne bi
pomagalo. Jaz sem ustvarjen za to, da
sijem. Denar je smrt. Na teraso grem.
Od tam vidim vso pokrajino, do Dolores
Hidalga. Toplo in mehko je kot v Toskani,
pa ni Toskana. Tam z Metko sediva in
gledava. Sonce zaide in še sediva in
gledava. Ona ima roke kot Šakti. Jaz imam
gobec kot egipčanska žival. Ljubezen je
vse. Mojzesova košara se ni nikoli
razbila na skalah. Iz ravne pokrajine
hodijo majhni konjički. Od Sierre piha
veter. Jaz grem ljudem v usta z glavo
naprej in jih ubijem in rodim,
ubijem in rodim, ker pišem.

© Tomaž Šalamun
Aus: Glas
Maribor : Založba Obzorja, 1983
Audioproduktion: Študentska založba

PEIXE

Eu sou carnívoro, mas planta
Eu sou Deus e homem em um
Eu sou uma crisálida. A humanidade cresce de mim
Eu tenho o meu cérebro completamente derramado, como
Uma flor, para poder amar mais. Às vezes mergulho
Os dedos dentro e está quente. A gente maliciosa
Diz que os outros se afogam
Dentro dela. Não. Eu sou uma barriga.
Nela recebo os viajantes.
Eu tenho uma mulher que me ama.
Às vezes estou com medo, penso que ela
Me ama mais do que eu a ela, e ponho-me triste e
Deprimido. A minha mulher respira como um pássaro
Pequeno. O corpo dela descansa-me
A minha mulher tem medo dos outros convidados
Eu digo, não, não tenhas medo
Todos os convidados são um só e para todos nós
Um fósforo branco de cabeça azul
Caiu na máquina. Os filhos dela
Fazem muito barulho. Eu sou Deus e os tranquilizo
À uma vou ao dentista. Doutor Mena
Rua Reloj. Vou bater na porta e vou dizer que
Me extraia o dente porque sofro demais.
Estou feliz quando durmo ou escrevo.
Os mestres passam-me de mão em mão
Isto é necessário. Isto é tão necessário
Como o crescimento para as árvores. Uma árvore precisa de terra.

Eu preciso da terra para não enlouquecer
Viverei quatrocentos e cinquenta anos
Rebazar Tarzs vive já há seiscentos anos
Não sei se foi ele com essa capa branca
Porque ainda não os distingo. Quando escrevo
Tenho outra cama. Às vezes me derramo mais do que
Àgua, porque a água é que ama o mais.
O medo fere a gente. As flores são mais
Suaves, se a gente as acaricia com a mão. As flores amam
As mãos. Eu amo tudo. Ontem
Sonhei que o meu pai inclinou-se a
Harriet. As outras mulheres me assustam e
Por isso não durmo com elas. Mas a distância entre
Deus e a gente jovem é pequena.
Há sempre só uma mulher em Deus, e essa é
A minha mulher. Não tenho medo que os convidados
Me destrocem. Eu posso dar tudo, e ainda volta a crescer
Quanto mais dou, mais cresce. Depois vou flotar
Como ajuda para outras criaturas. Num planeta
Há o depósito central para a minha carne. Não sei
No qual. Qualquer pessoa que beba daquela coisa será
Feliz. Eu sou um tubo. Eu sou Deus porque
Amo. Aqui dentro de mim tudo está escuro, nada
Fora. Posso iluminar a qualquer animal.
As minhas tripas fazem barulho. Quando ouço os sumos no

Meu corpo, sei que estou em graça. Deveria
Comer dinheiro noite e dia se quisesse
Construir a minha vida e nem isso seria
Suficiente. Eu fui criado para
Brilhar. O dinheiro é a morte. Saio à varanda.
Dali posso ver toda a paisagem até Dolores
Hidalgo. O tempo está terno e doce como em Toscana
Mais não é Toscana. Com Metka estamos sentados
E olhamos. O sol desce e nós ainda estamos sentados
E olhamos. As mãos dela são como as de Shakti. Eu tenho
O focinho dum animal egipciano. O amor é
Tudo. A corbelha de Moisés nunca
Quebrou nas rochas. Da planície
Saem cavalinhos. De Sierra sopra
O vento. Eu entro na boca da gente com a cabeça
Mato e dou a luz, porque escrevo.

©Tomaž Šalamun
Translated by Narlan Matos