Niki Graça 
Übersetzer:in

auf Lyrikline: 22 Gedichte übersetzt

aus: portugiesisch nach: deutsch

Original

Übersetzung

Seis sonetos noturnos

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

I

A qualquer hora, o que se chama vida
pode mudar da água pro vinho. Ou vice-
-versa. Cada palavra proferida –
uma sentença grave, uma tolice –
pode retornar feito um bumerangue
capaz de destruir o que encontrar.
E nada que se funde em carne e sangue
escapa dessas bólides de ar:
o amor e demais estados de graça,
reputações, ações, fazendas, gado,
longos corredores, salas de espera –
tudo à mercê do que afinal não passa
de ar comprimido, aos poucos exalado,
que logo se dissipa na atmosfera.

II

E de repente a coisa aconteceu.
Mas não tal qual se havia imaginado:
Detalhes há que nem sequer o medo
Mais abjeto é capaz de antecipar.

Por isso o sentimento prometido
há tanto tempo, e com tanta minúcia,
chegada a hora, não se concretiza
e assim ao que vem falta essa volúpia

das paixões temperadas com cuidado,
porém um certo desapontamento
embota sua precisão de lâmina,

e desse modo um travo de desânimo
turva e amortece vergonhosamente
a dor tão longamente antecipada.

© Paulo Henriques Britto
aus: Formas do nada
São Paulo: Companhia das Letras, 2012
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Nächtliche Sonette

deutsch

I

 

Zu jeder Zeit kann, was man Leben nennt,

aus Wasser sich in Wein verwandeln. Oder

umgekehrt. Denn jedes Wort, gesagt behänd –

ein ernster Satz, vielleicht auch nur Zinnober – 

kann wie ein Bumerang schon in Sekunden

zurück sein, um dann alles umzustoßen.

Nichts, was in Fleisch und Blut zur Form gefunden,

entkommt den rasend schnellen Luftgeschossen:

die Liebe oder andre Glückszustände,

Reputationen, Aktien, Güter, Vieh,

auch lange Korridore, Wartesäle –

alles preisgegeben dem, was doch am Ende

nur dichte Luft, die nach und nach verfliegt

und schnell sich auflöst in der Atmosphäre. 

 

II



Und auf einmal ist es dann geschehen.

Doch nicht, wie eingebildet und erträumt:

Da sind Details, die auch die jämmerlichste

Angst nicht immer kommen sehen kann.

 

Obwohl so lang schon ausführlich versprochen

will das Gefühl nun, da die Stunde naht,

sich nicht recht einstellen und so fehlt dem,

was kommt, diese gewisse Sinnlichkeit

 

der sorgsam temperierten Leidenschaften,

dafür dämpft nunmehr etwas wie Enttäuschung

ihre messerscharfe Präzision,

 

und ein Nachgeschmack von Traurigkeit

betäubt und lindert so voller Beschämung

den lange schon antizipierten Schmerz.

Übersetzt von: Niki Graça

Fim de verão II

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

O som da chuva de algum modo faz
pensar em algo que não tem a ver
com chuva – coisa de anos atrás,
uma lembrança boa, de um prazer

agora transformado em seu oposto
pelo passar do tempo, ou simplesmente
por não ter sequer existido, e o gosto
amargo, embora bom, que você sente

é como um ressaibo das duas vidas
suas, a que foi de fato vivida
e a que não foi. Isto é o que você cheira,

o gosto forte na sua boca é disto,
não da chuva lá fora. (Pelo visto,
vai chover sem parar a noite inteira.)

© Paulo Henriques Britto
aus: Fim de verão
São Paulo: Companhia das Letras, 2022
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Sommerende II

deutsch

Der Klang des Regens schafft es irgendwie,

dass man an etwas denkt, das mit dem Regen

nichts zu tun hat – das lang zurück schon liegt

und gern erinnert wird, wie ein Vergnügen,

 

das nun verkehrt wird in sein Gegenteil,

weil Zeit vergangen ist oder es schlicht

noch niemals existiert, und der zwar gute,

doch bittere Geschmack, den du verspürst,

 

ist wie ein Nachgeschmack deiner zwei Leben,

das eine hast du tatsächlich gelebt,

das andre nicht. Genau das riechst du nun,

 

das ist der heftige Geschmack im Mund,

nicht der des Regens draußen. (Mein Verdacht:

es regnet immer weiter, die ganz Nacht.

Übersetzt von: Niki Graça

Fim de verão I

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

Luz de final de tarde de um verão
que não quer acabar, como uma vida
a alongar-se além de toda razão
de viver, como rua, ou avenida,

que ultrapassa os limites da cidade
e vai seguindo, em meio a ferros-velhos
e terrenos baldios que o mato invade
e ninguém liga, ou como dois espelhos

emparelhados, refletindo mil
imagens sempre iguais, uma menor
que a anterior, de um espelho vazio –

final de tarde, uma agonia lenta
depois de mais um dia de calor
deste verão que já ninguém aguenta.

© Paulo Henriques Britto
aus: Fim de verão
São Paulo: Companhia das Letras, 2022
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Sommerende I

deutsch

Das Licht am frühen Abend eines Sommers,

der nicht enden will, so wie ein Leben,

das über jeden Lebensgrund hinaus

sich weiterspinnt, wie eine Straße eben,

 

die den Stadtrand einfach überschreitet

und weiterführt, mitten durch Abfallberge

und leeren Grund, wo Wildnis sich ausbreitet,

und keinen stört‘s, oder wie zwei Spiegel

 

voreinander, worin sich tausend immer

gleiche Bilder eines leeren Spiegels

spiegeln, eines kleiner als das vorige –

 

früher Abend, träger Niedergang,

nach einem weiteren noch heißen Tag

des Sommers, den keiner mehr ertragen kann.

Übersetzt von: Niki Graça

Bálsamo

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

Seja hoje um dia igual a qualquer outro,
um dia besta, esvaziado e amorfo,

o tipo de data que é esquecida
antes mesmo de virada de folhinha,

e esteja você completamente imerso
neste dia, como um peixe dessas espécies

das regiões abissais, isentas de luz,
longe do ar e seus azuis,

que nas funduras de silêncio e noite
falta não sente do que nunca soube –

pois nesse dia insosso e timorado
esteja você, absorto, atarefado,

imune a tudo que é êxtase ou angústia.
Seja isso a sua vida. O seu mundo.

© Paulo Henriques Britto
aus: Fim de verão
São Paulo: Companhia das Letras, 2022
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Balsam

deutsch

Mag dies ein Tag wie jeder andere sein,

ein dummer Tag, der leer und formlos scheint,

 

die Sorte Datum, die vergessen wird,

bevor auch nur das Blatt gewendet ist,

 

und magst du vollständig versunken sein

in diesen Tag, so wie ein Fisch von jener Art,

 

die in der Tiefsee lebt, da, wo kein Licht hinreicht,

die Luft mit ihrem Blau in weiter Ferne weilt,

 

und dem es in der tiefen Nacht und Stille  

nicht fehlt an dem, was er doch nie erfahren hat –

 

an diesem faden und verzagten Tag

scheinst du, versunken und doch voller Tatendrang,

 

gefeit vor jeglicher Ekstase oder Sorge.

So soll dein Leben sein. Und deine Welt.

Übersetzt von: Niki Graça

Caderno X

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

A primeira tentativa
quase sempre dá em nada.
A segunda é mais do mesmo.
A terceira, malograda,

faz a pessoa pensar,
questionar metas e métodos,
antes de embarcar na quarta,
que dá um naufrágio épico.

A essa altura, desistir
não é mais uma alternativa:
o fracasso se tornou
a própria textura da vida,

e a hipótese do acerto
não entra sequer no cálculo.
Assistir à própria queda
agora é todo o espetáculo.

© Paulo Henriques Britto
aus: Por Ora
Lissabon: Imprensa Nacional, 2021
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Heft X

deutsch

Der erste unternommene Versuch

geht meistens vollständig daneben.

Der zweite ist um kein Deut besser.

Ist auch der dritte nicht erhebend,

 

kommt man immer mehr ins Grübeln,

bezweifelt Ziele und Methode,

bevor man sich zum vierten aufmacht,

einem epischen Desaster.

 

Zu diesem Zeitpunkt aufzugeben,

ist keinerlei Alternative,

der Misserfolg hat sich dem Leben

inzwischen gänzlich eingeschrieben,

 

und die Chance, Glück zu haben,

wird nicht bedacht, weil zu gering.

Dem eignen Scheitern beizuwohnen,

ist nun das ganze Happening.

Übersetzt von: Niki Graça

Sem fio

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

1.
Na língua floresce o poema
E dela só sai aos pedaços.
Se transportado a outro espaço
Não é mais o mesmo o seu floema.

2.
The põem sprouts from its language
And cleaves to it: the two are one.
If cleft from itssoil, it will languish;
Its sap is no longer its own.

3.
Poema brota do idioma
E a ele adre feito craca.
Só sai de lá cortado a faca:
Vira outro em outro bioma.

4.
A põem has roots in its tongue,
And clings to it like a barnacle.
Prized off, it will go along,
Though no longer the real article.

5.
O poema à língua se aferra,
E dela só sai se arrancado.
Sair, sai; mas em pandarecos:
Não é mais o mesmo artefato.

6.
The põem is fixed in its language:
To tear it outis sheer violence.
I will never survive the anguish
Imposed by “poetic licence”.

7.
Preso a uma língua, o verso
É vítima de violência.
Eu, tradutor, o liberto
E lhe dou independência.

© Paulo Henriques Britto
aus: Fim de verão
São Paulo: Companhia das Letras, 2022
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Schnurlos

deutsch

1.

Das Gedicht blüht in der Sprache,

verpflanzen lässt‘s sich Stück für Stück.

Verbracht auf eine frische Brache,

bleibt ihm kaum Kraft zurück.

 

3.

In der Sprache nistet das Gedicht,

wie eine Klette hängt es daran fest.

Nur wenn man‘s mit dem Meißel wegbricht,

erneuert sich‘s in einem neuen Nest.

 

5.

In die Sprache krallt sich das Gedicht,

nur wenn man’s losreißt, löst es sich.

Das klappt, doch geht’s dabei zu Bruch:

Es ist kein Werk mehr, sondern Pfusch.

 

7.

Der Vers, gefangen in der Sprache,

trägt schwer an seiner Hörigkeit.

Ich, Übersetzerin, befreie ihn,

und schenk ihm Unabhängigkeit.

Übersetzt von: Niki Graça

ECCE HOMO

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

Não ser quem não se é coisa trabalhosa.
Exige a disciplina austera e rigorosa

de quem, achando pouco simplesmente ser,
requer o luxo adicional de parecer.

As essências enganam, e o eu é tão escasso
que há que ocupar com alguma coisa tanto espaço,

e nada como a negação da negação
pra efetuar tão delicada operação.

E pronto: está completo. O homem mais o androide,
imune a suave mari magno e Schadenfreude,

ser e não-ser na mais perfeita sintonia.
Use e abuse. A coisa vem com garantia.

© Paulo Henriques Britto
aus: Formas do nada
São Paulo: Companhia das Letras, 2012
Audio production: Haus für Poesie, 2022

ECCE HOMO

deutsch

Nicht zu sein, wer man nicht ist, ist ein mühsam Ding.

Es braucht dazu die harte, strenge Disziplin

 

dessen, dem nicht reicht der bloße Fakt des Seins,

der auch noch obendrein begehrt den Glanz des Scheins.

 

Der Wesenskern ist trügerisch, das Ich so schmal und trist,

dass so viel Raum mit etwas auszufüllen ist,

 

doch nichts wie eine Negation der Negation,

zum Meistern der so kniffligen Operation.

 

Und dann ist es vollbracht. Der Mensch und Frankenstein,

nicht anfällig für suave mari magno* und Schadenfreude nein: 

                                                                       

Sein und Nichtsein in perfekter Harmonie.

Zum Nutzen und Verschleißen. Es hat ja Garantie.


*Anmerkung der Übersetzerin: Suave mari magno: „angenehm das weite Meer“. Geflügeltes Wort nach dem Beginn des zweiten Buchs von Lukrez, „De Rerum Natura“

Übersetzt von: Niki Graça

Tríptico com hotel e sirene

portugiesisch | Paulo Henriques Britto

I

Esta avenida, os prédios complacentes
Que resistiram a uma e a outra guerra:
O tempo deles é o instante presente

Em que escrevo, e mais nenhum. Nada esperam.
Dedicam-se à serena operação
de preencher um pedaço de terra

com aquela absoluta perfeição
dos que, não tendo opção, jamais hesitam.
(Aqui deve haver alguma lição,

dessas que inspiram mudanças na vida,
feita algum tronco truncado de Apolo.
Mas tudo permanece na avenida

como antes – exceção feita a um solo
de sirene, dissonante e insistente,
ao qual não chega a oferecer consolo

a luz que se acendeu no prédio em frente.)


II

Esta é a hora inaugural da noite.
Toda a energia esbaldada do dia
Agora se recolhe compungida
Por trás de persianas. Seis e oito.

Escurece. Os prédios olham de esguelha
pro trânsito feroz, domesticado
a custo. Uma sirene desgrenhada
se esvai, desafinando. Seis e meia.

Alguém no quarto ao lado liga um rádio.
No corredor, uma risada breve
responde a um inaudível comentário.

Mais risos: a noite promete.
Lá fora está escuro – estamos em maio,
O inverno se aproxima. Quase sete.

III

        Hotel. Sexto andar. De
súbito, a sirene – risco
        vermelho na tarde.

© Paulo Henriques Britto
aus: Formas do nada
São Paulo: Companhia das Letras, 2012
Audio production: Haus für Poesie, 2022

Triptychon mit Hotel und Sirene

deutsch

I

 

Die noble Straße, die duldsamen Gebäude,

die widerstanden dem und jenem Krieg:

Ihre Zeit ist jener Augenblick,

 

in dem ich schreibe, keiner sonst. Bescheiden

frönen sie dem stillen Unterfangen,

ein Stückchen Erde auszukleiden

 

mit jener unbedingten Perfektion

derer, die mangels Wahl kein Zögern kennen.

(Hierhin passt nun wohl eine Lektion,

 

eine, die dem Leben neue Wege weist,

so wie ein entstellter Torso des Apoll.

Doch rein alles in der Straße bleibt

 

wie’s früher war – bis auf das Solo der Sirene,

das gellt und klingt, als ob es nie mehr weicht,

dem auch der jähe Lichtschein im Gebäude

 

gegenüber nicht zum Trost gereicht.

 

 

II

 

Dies ist der Anbeginn der Nacht.

All die am Tag verströmte Energie

zieht sich nun reumütig zurück

hinter die Jalousien. Sechs Uhr acht.

 

Die Dämmerung setzt ein. Die Häuser schielen

auf den entfesselten Verkehr, der kaum

zu zügeln. Eine kreischende Sirene 

verhallt verstimmt in Dissonanz. Halb sieben.

 

Jemand im Nebenzimmer stellt das Radio an.

Auf dem Gang erschallt ein kurzes Lachen,

etwas Geflüstertes ging ihm voran.

 

Mehr Lachen: diese Nacht ist zum Verlieben.

Draußen ist’s dunkel – es ist Herbst,

bald ist der Winter da. Fast sieben.

 

III

 

      Hotel. Sechster Stock. Und

plötzlich die Sirene – ein roter

      Strich am Abend.

Übersetzt von: Niki Graça

M

portugiesisch | Matilde Campilho

Porque tinha sal em minhas pestanas, porque existe um salmão dourado onde o amor sempre dança, porque a ideia de ir até o mar de metrô era a oração que nos fazia ficar acordados até de manhã, porque há um osso se estilhaçando constantemente dentro das paredes mestras e nós já sabíamos isso, porque a paixão não é de todo a coisa mais importante mas é sim o canudinho através do qual dá para ver que o mundo é muito feito de construções de papel - celulose que vem da árvore e que depois se transforma em lista telefônica de onde alguém arranca a página e logo transforma em veleiros e montanhas. Talvez porque na porta do restaurante habitual alguém toca clarinete ao sol, porque até as ruínas podemos amar nesta cidade, porque eu tenho um olho em você e você tem um dedo em mim, porque para chegar no telhado do aqueduto é preciso percorrer a estreita escadaria de pedra e é impossível não esfregar as costas nas paredes húmidas. Porque atingir o ponto de rebuçado significa simplesmente abandonar todas as coisas e dedicar-se só à concentração, mesmo que todasascoisas sejam um olho preto e um olho castanho e sua dissociação seja a possível causa para a avalanche. Porque a palavra Bushboy não existia até aqui mas agora sim, porque fazer equilibrismo sobre a corda amarela dentro do apartamento é tudo o que já imaginávamos que ia ser, mesmo antes de acontecer. Porque no interior do pulmão do cervo tem a carne que brilha, brilha tanto como o sol que se espelha na ponta da seta. Porque acreditamos, você e eu, que a razão final é que a erva cresça muito acima de nossas cabeças.

© 2014, Matilde Campilho e Edições tinta-da-china
aus: Jóquei
Lisboa: Tinta-da-china, 2014
Audio production: Literaturwerkstatt Berlin, 2015

M

deutsch

Weil Salz in meinen Wimpern hing, weil es einen goldfarbenen Lachs gibt, bei dem die Liebe immer tanzt, weil die Vorstellung, mit der U-Bahn zum Meer zu fahren, das Gebet war, das uns bis zum Morgen wach hielt, weil da ein Knochen in den Hauptmauern sitzt, der unaufhörlich am Splittern ist und wir wussten das schon, denn die Leidenschaft ist überhaupt nicht das wichtigste sondern nur der kleine Strohhalm, der uns klar macht, dass die Welt vor allem aus Papier gebaut ist – Zellulose, die vom Baum kommt und sich danach in ein Telefonbuch verwandelt, aus dem jemand eine Seite heraus reißt, um sie zu Segelschiffchen und Bergen zu formen. Vielleicht, weil am Eingang des Stammrestaurants jemand in der Sonne Klarinette spielt, weil wir in dieser Stadt sogar die Ruinen lieben können, weil ich ein Auge auf dich habe und du einen Finger in mir, weil man, um zum Dach des Aquädukts zu gelangen, die enge Steintreppe hinaufsteigen muss und sich dabei zwangsläufig an den feuchten Wänden den Rücken scheuert. Denn auf den Gipfel zu gelangen bedeutet einfach, alle Dinge aufzugeben und ganz in Konzentration zu versinken, auch wenn alle Dinge ein schwarzes und ein braunes Auge sind und ihre Trennung vielleicht die Ursache für die Lawine ist. Weil es das Wort Bushboy bisher nicht gab, jetzt aber wohl, weil in der Wohnung über ein gelbes Seil zu balancieren genau so ist, wie wir es uns vorstellten, bevor wir es taten. Weil es in der Lunge des Hirsches Fleisch gibt, das strahlt, so wie die Sonne strahlt, die sich auf der Pfeilspitze spiegelt. Weil wir – du und ich –  glauben: Am Ende wird das Gras hoch über unseren Köpfen wachsen.

Übersetzung von Niki Graça

CONVERSA DE FIM DE TARDE
DEPOIS DE TRÊS ANOS NO EXÍLIO

portugiesisch | Matilde Campilho

Os garçons empilhando as cadeiras
você me olhando e me pedindo que
fale Por Favor Fale Mas Não Escreva
eu evitando o toque ruim dos ponteiros
do relógio que anuncia a já famosa fuga
de nossos corpos cada um para sua
ponta da cidade - se nosso amor fosse
revólver eu seria o cabo e você a mira
tal como dizia a professora Sofia Jones
é terrível a existência de duas retas
paralelas porque elas nunca se cruzam
e elas apenas se encontram no infinito
a verdade é que nunca nos interessou
a questão do infinito mas o resto
das ideias matemáticas claro que sim
eu na verdade prefiro mais de mil vezes
sua chávena de chá ficando fria sobre a mesa
enquanto você fala sobre raízes quadradas
enquanto você fala sobre ladrões de figos
enquanto você fala sobre o tropeço da baleia
subitamente eu já nem sei sobre o que você fala
porque a forma como seu dente incisivo corta
e suspende toda a beleza da cafetaria
faz com que eu novamente entenda que
pelo sétimo dia é chegada a hora do cuco
e do canto do cuco
portanto eu pego minha bicicleta
e como de costume você faz meu retrato
de cabelo todo desenhado no vento
em jeito de menino que está sempre indo embora
à mesma hora e que amanhã se tudo der certo
voltará à mesma hora para o mesmo amor
a mesma mesa a mesma explosão
com toda a certeza a mesma fuga
porque você e eu a gente é feito de matéria
escorregadia, i.e., manteiga, azeite, geléia
e espanto.

© 2014, Matilde Campilho e Edições tinta-da-china
aus: Jóquei
Lisboa: Tinta-da-china, 2014
Audio production: Literaturwerkstatt Berlin, 2015

GESPRÄCH AM SPÄTEN NACHMITTAG
NACH DREI JAHREN IM EXIL

deutsch

Während die Kellner Stühle stapeln
du mich ansiehst und mich bittest
zu sprechen Bitte Sprich Schreib Nicht
ich das abscheuliche Ticken der Uhrzeiger
meide, das die schon legendäre Flucht
unserer Körper ein jeder in seine
Ecke der Stadt ankündigt – wäre unsere Liebe
ein Revolver wäre ich der Griff und du das Visier
wie schon die Lehrerin Sofia Jones sagte
ist die Existenz zweier paralleler Geraden
entsetzlich weil sie sich nie kreuzen
und erst im Unendlichen aufeinander treffen
richtig ist dass uns die Frage nach dem Unendlichen
nie interessiert hat aber die übrigen
mathematischen Ideen natürlich schon
in Wirklichkeit mag ich es tausend Mal mehr
dass der Tee in deiner Tasse auf dem Tisch kalt wird
während du über Quadratwurzeln sprichst
während du über Feigendiebe sprichst
während du über den stolpernden Wal sprichst
plötzlich weiß ich nicht einmal worüber du sprichst
denn die Art und Weise wie dein Schneidezahn die ganze
Schönheit der Cafeteria zerschneidet und außer Kraft setzt
lässt mich von Neuem verstehen dass
schon seit sieben Tagen die Stunde des Kuckucks
des Kuckucksrufes angebrochen ist
ich nehme also mein Fahrrad
und wie immer machst du ein Bild von mir
mit dem Haar im vollen Wind
ganz wie ein Junge der immer zur selben Zeit
weggeht und morgen wenn alles gut geht
zur gleichen Zeit zur gleichen Liebe
zum gleichen Tisch zur gleichen Explosion wiederkehrt
ganz sicher die gleiche Flucht
denn du und ich wir bestehen aus glitschigem
Material, so wie Butter, Olivenöl, Gelee
und Staunen.)

Übersetzung von Niki Graça

PRÍNCIPE NO ROSEIRAL

portugiesisch | Matilde Campilho

Escute lá
isto é um poema
não fala de amor
não fala de cachecóis
azuis sobre os ombros
do cantor que suspende
os calcanhares
na berma do rochedo
Não fala do rolex
nem da bandeirola
da federação uruguaia
de esgrima
Não fala do lago drenado
na floresta americana
Não diz nada sobre
a confeitaria fedorenta
que recebe os notívagos
para o café da manhã
quando o dia já virou
Isto é um poema
não fala de comoções
na missa das sete
nem fala da porcentagem
de mulheres que se espantam
com a imagem do marido
aparando a barba no ocaso
Não fala de tratores quebrados
na floresta americana
não fala da ideia de norte
na cidade dos revolucionários
Não fala de choro
não fala de virgens confusas
não fala de publicitários
de cotovelos gastos
Nem de manadas de cervos
Escute só
isto é um poema
não vai alinhar conceitos
do tipo liberdade igualdade e fé
Não vai ajeitar o cabelo
da menina que trabalha
com afinco na caixa registradora
do supermercado
Não vai melhorar
Não vai melhorar
isto é um poema
escute só
não fala de amor
não fala de santos
não fala de Deus
e nem fala do lavrador
que dedicou 38 anos
a descobrir uma visão
quase mística
do homem que canta
e atravessa
a estrada nacional 117
para chegar a casa
ou a algum lugar
próximo de casa.

© 2014, Matilde Campilho e Edições tinta-da-china
aus: Jóquei
Lisboa: Tinta-da-china, 2014
Audio production: Literaturwerkstatt Berlin, 2015

PRINZ IM ROSENGARTEN

deutsch

Hör mal
das hier ist ein Gedicht
es erzählt nicht von Liebe
es erzählt nicht von blauen
Tüchern um die Schultern
des Sängers der
am Rand des Felsens
die Fersen hebt
Es erzählt nicht von der Rolex
und auch nicht vom Wimpel
des uruguayischen
Fechtverbands
Es erzählt nicht von dem ausgetrockneten See
im amerikanischen Wald
Es sagt nichts über
die muffige Konditorei
in der sich die Nachtschwärmer
zum Frühstück treffen
wenn es Tag wird
Das hier ist ein Gedicht
es erzählt nicht von der Ergriffenheit
in der Siebenuhrmesse
und auch nicht davon wie viele
Frauen überrascht sind
beim Anblick ihres Mannes
der sich bei Sonnenuntergang den Bart stutzt
Es erzählt nicht von kaputten Traktoren
im amerikanischen Wald
es erzählt nicht von der Idee vom Norden
in der Stadt der Revolutionäre
Es erzählt nicht vom Weinen
es erzählt nicht von verwirrten Jungfrauen
es erzählt nicht von Werbefritzen
nicht von abgewetzten Ellbogen
Und auch nicht von Hirschherden
Hör nur
das hier ist ein Gedicht
es ordnet nicht Begriffe
wie Freiheit Gleichheit und Glauben
Es richtet nicht die Haare
der jungen Frau, die emsig
an der Supermarktkasse
arbeitet
Es wird nicht besser
Es wird nicht besser
das hier ist ein Gedicht
hör nur
es erzählt nicht von Liebe
es erzählt nicht von Heiligen
es erzählt nicht von Gott
und es erzählt auch nicht von dem Bauern
der 38 Jahre damit verbrachte
eine fast mystische
Vision von dem Mann
zu entwerfen der singend
die Nationalstraße 117
überquert
um nach Hause zu kommen
oder an irgendeinen Ort
nicht weit von zu Hause.

Übersetzung von Niki Graça

FUR

portugiesisch | Matilde Campilho

                                                    com cara de Whitman
foi assim que você pensou que eu viria ao mundo
foi assim que que você me viu na floresta
foi assim que você me viu pendurado no poste elétrico
sempre pendurado num ramo qualquer
sempre usando o verão.
você se lembra daquele verão no Brooklyn
em que ficamos perseguindo os bombeiros
durante todo o dia apenas para ver
uma vez e depois outra vez
o leque aquático que se abria sobre o fogo?
você citava poetas húngaros mas nesse tempo
eu só queria saber de inventar uma língua
que não existisse.
você se lembra do concierge que nos recebia
na pensão do Brooklyn como se nunca
nos houvesse visto antes?
e não havia semana que passasse
em que nós não dormíssemos
pelo menos uma madrugada
na pensão do Brooklyn.
me lembro dos dólares amassados
que eu semanalmente tirava do bolso
para pagar a Doug
eu sabia o nome de Doug
o Doug nos tratava disfarçadamente
por menina e menino.
você falava que os dólares vinham
sempre com uma forma diferente
eu adoro como você consegue tirar um coelho do bolso
eu adoro como você consegue tirar uma lâmpada do bolso
eu adoro como você consegue tirar a Beretta 92fs do bolso
 
foi assim que você pensou que eu ficaria
no mundo
com corpo de besta vestida
usando um lápis pousado na orelha

foi assim que você me viu
pedindo três ovos para Miss Elsie
a senhora da mercearia na Court Street
ela me deu oito ovos
porque ela sempre dava alguma coisa
ela me achava uma graça e ela não acreditava
em números ímpares. eu também não.
me lembro de você na mercearia
do Brooklyn
você costumava ficar lá atrás
brincando na secção das ferramentas.
se eu tivesse mais do que um coelho,
uma lâmpada ou uma pistola
eu teria te comprado um Black & Decker
eu acho que você seria a pessoa mais feliz da ilha
com um Black & Decker enfiado no cinto.
 
foi assim que você pensou que eu ficaria no mundo,
usando flores em meu cabelo negro,
sempre escondidas no emaranhado dos cachos
sempre escondidas no emaranhado do caos
de minha cabeça negra.
 
só você sabia quantas flores eu usava
porque agora eu já sei
que você dedicava as noites
à contagem. Deus não dorme
e você também não. 

© 2014, Matilde Campilho e Edições tinta-da-china
aus: Jóquei
Lisboa: Tinta-da-china, 2014
Audio production: Literaturwerkstatt Berlin, 2015

FUR

deutsch

                                                    Whitman like
Genau so dachtest du käme ich in die Welt
genau so sahst du mich im Wald
genau so sahst du mich am Strommast hängen
immer an irgendeinem Ast hängen
immer den Sommer als Trumpf.
denkst du noch an jenen Sommer in Brooklyn        
als wir den ganzen Tag den Feuerwehrleuten folgten
nur um einmal und dann noch einmal
den Wasserfächer zu sehen
der sich über dem Feuer öffnete?
du hast ungarische Dichter rezitiert doch damals
wollte ich nichts davon wissen nur eine Sprache erfinden
die es noch nicht gab.
denkst du noch an den Concierge der uns  
in der Pension in Brooklyn begrüßte als ob
er uns noch nie gesehen hätte?
dabei verging kaum eine Woche
in der wir nicht wenigstens
einmal frühmorgens
in der Pension in Brooklyn schliefen.
ich denke noch an die zerknüllten Dollarscheine
die ich jede Woche aus der Hosentasche zog
um bei Doug zu zahlen
ich kannte Dougs Namen
Doug redete uns immer vage
mit junge Frau und junger Mann an
du sagtest die Dollarscheine hätten
jedes Mal eine andere Form
toll wie du ein Kaninchen aus der Tasche ziehst
toll wie du eine Lampe aus der Tasche ziehst
toll wie du die Beretta 92fs aus der Tasche ziehst

genau so dachtest du bliebe ich
in der Welt
in der Gestalt eines Biests in Kleidern
mit einem Bleistift hinterm Ohr

Genau so sahst du mich
als ich Miss Elsie um drei Eier bat
die Frau vom Kramladen in der Court Street
sie gab mir acht Eier
weil sie immer etwas gab
sie fand mich reizend und sie glaubte nicht
an ungerade Zahlen. ich auch nicht.
ich denke noch an dich dort im Laden
in Brooklyn
du bist immer hinten geblieben
hast in der Werkzeugabteilung rumgespielt.
Hätte ich mehr als ein Kaninchen,
eine Lampe oder eine Pistole gehabt
hätte ich dir eine Black & Decker gekauft
ich glaube du wärst der glücklichste Mensch der Insel gewesen
mit einer Black & Decker im Gürtel.

genau so dachtest du bliebe ich in der Welt
mit Blumen in meinem schwarzen Haar,
immer versteckt im Lockenwirrwarr
immer versteckt im konfusen Wirrwarr
meines schwarzen Kopfes.

wenn du wüsstest wie viele Blumen es waren
jetzt weiß ich ja
dass du die Nacht mit Zählen
verbrachtest. Gott schläft nicht
und du auch nicht.

Übersetzung von Niki Graça

Zé da Tugalândia

portugiesisch | Tony Tcheka


chamavam-lhe Zé
Zé sapateiro
Zé tuga
por vezes sô Zé

homem da Tugalândia
nhu Zé de bissau-velho
homi grandi

Ih!!!

Garandi nan!!!

ninguém se lembra quando chegou
diz-se que veio num navio-motor
sobre ondas adamansadas

vinha só
maleta de cartão na mão
duas, ou três palavras
eram o seu discurso
uma era certamente “senhor”
senhor sem cor
sem temor
e sem idade

um gesto feito tique
- um leve inclinar da cabeça
dispensava palavras vãs
dimensionava a grandeza
de homem de trabalho

bissau velho acordava
chamado pelo seu toc-toc
calcando pregos
cozendo rijos nós
fechando jambutas famintas
para basófias caminhadas na praça
ou bailes suarentos de fins de semana

nos novos tempos
com as naus fazendo
o caminho do regresso
levando-lhe mulher, filhos, netos
e clientes
e amigos
nem um queixume
nem um murmúrio
se ouviu
nem mesmo quando a doença
a ele se encostou


assim era
sô Zé

conheceu sargentos e comandantes
ingratos e devedores
administradores, impostores
nunca recebeu governadores
nem medalhas, nem diplomas

tinha dois amores
guiné
paixão sentida
cozida com nós fortes
                                     a dez dedos

e
Tugalândia
eternamente a sua metrópole
                                     madrasta
sô Ze de Bissau-velho
homi grandi
garandi nan!

Bissau

© Tony Tcheka
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Zé aus Portugaland

deutsch


sie nannten ihn Zé
Zé den Schuster
Portuga-Zé
manchmal nur Zé

Mann aus Portugaland
Herr Zé aus dem alten Bissau
großer Mann

Ih!!!!

Wirklich groß!!!!

niemand weiß mehr, wann er eintraf
es heißt er kam mit einem Motorschiff
über die Wogen des Adamastors

er kam allein
einen Pappkoffer in der Hand
zwei oder drei Wörter
das war alles, was er sagte
eines davon war sicher „Senhor“
Senhor farblos
Senhor furchtlos
Senhor alterlos

eine Tick gewordene Geste
- die leichte Neigung des Kopfes
machte unnütze Wörter überflüssig
vermaß die Größe
eines Mannes der Arbeit

das alte Bissau erwachte
zum Ruf seines Tok-tok
wenn er Nägel einschlug
wenn er feste Knoten nähte
und uralte hungrige Schuhe dicht machte
zum Stolzieren auf dem Platz
oder für schwitzige Tanzfeste am Wochenende

in den neuen Zeiten
als die Schiffe
sich auf den Rückweg machten
mit Frau, Kindern und Enkeln an Bord
und Kunden
und Freunden
war keine Klage
kein Murmeln
zu hören
nicht einmal, als Krankheit
ihn heimsuchte

so war
Senhor Zé

er kannte Feldwebel und Kommandanten
Störer und Schuldner
Verwalter und Betrüger
empfing nie Gouverneure
auch keine Medaillen oder Diplome

zwei Lieben hatte er
Guinea
tief empfundene Leidenschaft
genäht mit festen Knoten
und beiden Händen

und
Portugaland
auf ewig seine Stief-Metropole
Herr Zé aus dem alten Bissau
großer Mann
wirklich groß!

Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Tchico Tem-Tem

portugiesisch | Tony Tcheka


Tchico Tem-Tem
da Nha Tchibita da Tchada de Burro

Tchico Tem-Tem
               na bola de trapos
         vida  tem-tem
              que nada tem

Entre quedas
e cambalhotas
Tchico foi na onda
                             - chegou à terra-branco…
                       encalhou nos becos do Rossio

Montou bureau d`affaires de nada
… vende histórias passadas e inventadas
                                            Sorrisos à borla
e receituários por haviar
   são marcas da casa

As esquinas e as ruelas lisboetas
desembocam sempre no Tem-Tem
                                                              fundibulário

Veste a fadiga
de sossego
com histórias de manga curta
nada que faça suar

Tchico
brejeiro
cara erguida
mãos nos bolsos
vazios
assobiadelas marotas
                                                       Jeito cultivado
entre
                                quedas e cambalhotas
                                            para espantar a fome
                                                                nos becos do rossio.


© Tony Tcheka
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Tchico Hat-Hat

deutsch


Tchico Hat-Hat
von meiner Tchibita aus Tchada de Burro

Tchico Hat-Hat
im Ball aus Lumpen
Leben hat-hat
was nichts hat

Unter Stürzen
und Purzelbäumen
schwamm Tchico auf der Welle
- kam ins Weißen-Land ...
strandete in den Gassen des Rossio

Aus dem Nichts eröffnete er ein bureau d’affaires
... verkauft wahre und erdichtete Geschichten
Kostenloses Lächeln
und Rezepte zum Einlösen
sind die Spezialität des Hauses

Die Ecken und Gässchen Lissabons
führen alle zu Hat-Hat
dem Krimskrams-Händler

Er kleidet  die Mühe
der Muße
in kurzärmelige Geschichten
nichts, das ins Schwitzen bringt

Tchico
das Schlitzohr
erhobenen Hauptes
Hände in den leeren
Taschen
pfeift den Frauen nach
gibt sich kultiviert
unter
                                      Stürzen und Purzelbäumen
                                                      um den Hunger zu verscheuchen
                                                     in den Gassen des Rossio


Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Os contendores

portugiesisch | Paulo Teixeira

Eles lutaram a medir a sua por uma força maior,
tendo na penumbra lêveda do quarto
o campo de batalha e no outro o fim a alcançar.

Entre investidas e recuos, golfes desferidos
no ar com os punhos e sevícia nas palavras,
um adiantou-se a deitar o outro por terra.

Este buscava, furtando-se ao peso do corpo, breve,
um suprimento de ar, mas enlanguescia a demorar
depois essa intimidade no espaço fechado.

O primeiro olhava com faces sanguíneas
do alto, como presa ao seu alcance,
o amigo confinado nesse abraço circunpolar.

Ao reduzir uma antiga distância pronominal,
aproximou-lhe do ouvido a boca a segredar
cantada, como um sentimento, a sua vitória.

© Paulo Teixeira & Gótica
aus: Autobiografia Cautelar
Lisboa: Gótica, 2001
ISBN: 972-792-031-4
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Gegner

deutsch

Sie kämpften, um ihre Kraft an einer größeren zu messen.
Im fermentierten Halbdunkel des Zimmers
lag das Schlachtfeld, das Ziel im Visier war der andere.

Angriff und Rückzug, Faustschläge in die Luft
und misshandelnde Worte folgten aufeinander,
dann schoss der eine vor, warf den anderen zu Boden.

Dieser suchte auf der Flucht vor dem Gewicht des Körpers
kurz nach Luft, gab sich dann aber hin, um
die Intimität im geschlossenen Raum hinauszuzögern.

Mit gerötetem Gesicht blickte der erste
von oben auf die schon sichere Beute,
den in polarer Umarmung fest umschlungenen Freund.

In Überwindung einer einstigen pronominalen Distanz
näherte er sich dem Ohr mit dem Mund und raunte ihm
singend seinen Sieg wie ein Gefühl zu.

Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Mulher da Guiné

portugiesisch | Tony Tcheka


Intimas o espaço
frondosa
palmeira verde
desafias o arco-íris
nas tuas cores
de mulher
caminhas suave
navegando
em estradas
de nenufares

Mulher da guiné

amendoinha, fole, manga de terra
cabaceira, abacate, goiaba, veludo
- os sabores dos teus lábios

Mulher da guiné

mimoseas o andar
como o canto de uma voz eunuca
coqueiro balouçando ao vento
perfume de terra molhada
beijando a esplanada de areia branca de Varela


sorriso brando
corpo ébano
suando a maresia
és tu Mulher da Guiné

marcam-te o espaço na órbita
das três pedras do fogão
nos circuitos da lenha
no vai-vem da fonte
de - balde - em - balde
nos labirintos esquecidos da cozinha
querem-te domesticamente adormecida

mas
segues os acordes
das melodias do teu chão
dos korás, e bombolons
dos djembés e dos nhanheros
- os teus caminhos

Mulher da Guiné

corpo veludo sossego
musicado em sons de flauta
duas pequenas luas
explodindo na cara canseira

asseda os tormentos
segue caminhando
 e leva contigo a tua Guiné
a novos partos de sabura.


© Tony Tcheka
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Frau aus Guinea

deutsch


Du behrrschst den raum
prächtige
grüne palme
wetteiferst mit dem regenbogen
in deinen frauen-
farben
schreitest sanft
segelnd
auf seerosen-
straßen

Frau aus guinea
kleine mandel, maboco-kürbis, mangofrucht ,
flaschenkürbis, avocado, guave, tamarindenbaum
- so schmecken deine lippen

Frau aus guinea

du verwöhnst den gang
wie der gesang einer eunuchenstimme
eine im wind sich wiegende kokospalme
der duft feuchter erde
und küsst die esplanade aus weißem sand am varela strand

sanftes lächeln
ebenholzkörper
geruch nach Meer
das bist du, Frau aus Guinea

sie verweisen dich auf den raum im umkreis
der drei herdsteine
im kreislauf des brennholzes
im hin und her zur quelle
von – eimer – zu – eimer
in den vergessenen labyrinthen der küche
möchten dich in häuslichem schlaf wissen

aber
du folgst den akkorden
der melodien deines bodens
der kora- und bombolom-trommeln
der djemben und nanhero-geigen
- deinen wegen

Frau aus Guinea

körper wie ruhiger samt
zu gehör gebracht als flötenklang
zwei winzig kleine monde
die im sorgengesicht zerbersten

besänftige die qualen
schreite ruhig weiter
und nimm es mit, dein Guinea
zu einer Neugeburt in Freude


Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Lusa língua

portugiesisch | Tony Tcheka


língua lusa minha
não sei se sonhas ó língua!  sei, sim que deixas sonhar.
língua! lusa língua minha companheira é amiga, fraterna, e arauto.
rejeita espaços herméticos, fechados, limitados por falsas fronteiras. veste-se
literariamente de tendências universalistas.
e quando um dia transportada em caravelas foi impelida a sonhar com “novos mundos”
deixou-se conquistar. conquistámo-la! é ternuramente nossa.
anichou-se nos meus sonhos. sonha comigo e alimenta o calcanhar da minha terra
vermelha vestindo musas e amantes de muitos amores.
na sua mágica andança  pelas novas “moranças” africanas aonde se instala, ora é ponte,
ora é chave para ganhar espaços dantes negados...
e ajuda o sonhar e falar e encantar e ser e ter.
lusa língua, minha ferramenta operária é o meu baú de sentimentos, enciclopédia viva
de tolerância. algures na costa ocidental da áfrica, mostra-se solidária, tolerante.
interpreta camões na lírica dança multirracial ritmada pelo som mediático do compasso
ancestral do bombolom. coabita criolizada e criadora e abecedária ao lado de mais de
duas dezenas de outras línguas, ali nascidas mas feitas almas gémeas ante a iminência
da construção de uma terra nova.
nas águas serenas do corubal a lusa língua sobe rio acima... e na parede alta do macaréu
sonha com o meu país que um dia será nação. ali, a lusa língua sonha com noites sem
insónias e sem bastões analfabetos molestando gente e abafando mentes ávidas de saber.
afinal língua, tu sonhas, interpretando sonhos que não dormem!


© Tony Tcheka
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Luso-sprache

deutsch


du meine luso-sprache,
ich weiß nicht, ob du träumst, sprache! weiß aber wohl, dass du träumen lässt.
sprache! luso-sprache, meine gefährtin ist freundin, schwester und bote.
undurchlässige, verschlossene, von falschen grenzen beschränkte räume lehnt sie ab. sie
stattet sich literarisch mit universellen neigungen aus.
und eines tages, auf karavellen verschifft, drängte man sie, von „neuen welten“ zu träumen,
und sie ließ sich erobern. wir haben sie erobert! sie ist zärtlich die unsere.
sie nistete sich ein in meinen träumen. sie träumt von mir und ernährt die ferse meines roten
landes, versieht musen und liebende mit vielen lieben.
Geheimnisvoll macht sie die runde durch die neuen hüttendörfer afrikas, fasst dort fuss, ist
einmal brücke einmal schlüssel zur erschließung früher verwehrter räume ...
und hilft beim träumen, sprechen, verzaubern, sein und haben.
die luso-sprache, mein arbeitswerkzeug, meine gefühlstruhe, lebende enzyklopädie
der toleranz. irgendwo dort an der westküste afrikas zeigt sie sich solidarisch, tolerant.
sie deutet camões im lyrischen multirassischen tanz und der mediale klang  des uralten takts
der bombolom-trommel gibt den rhythmus. Kreolisiert, kreativ und alphabetisch lebt sie
gemeinsam mit mehr als zwanzig anderen dort geborenen sprachen, die angesichts der
bildung eines neuen landes zu zwillingsseelen wurden.
in den heiteren wassern des corubal schwimmt die luso-sprache flussaufwärts ... und an der
hohen wand der flutwelle träumt sie davon, dass mein land eines tages eine nation sein wird.
dort träumt die luso-sprache von nächten ohne
schlaflosigkeit und ohne analphabetische bollwerke, die die leute ärgern
und wissensdurstige geister ersticken.
schließlich träumst du, sprache, indem du träume deutest, die nicht schlafen!


Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Heaven underneath the arches

portugiesisch | Paulo Teixeira

O medo, o cansaço dos sismos quotidianos
leva-me à rua, aí onde só vive quem
não suporta ver o crepúsculo de casa.
Fora espera por mim a luz do céu londrino
e a noite abortiva de sono. Esse rumor
escuro da beleza que de longe me acena
como um semáforo ou um sinal de perigo.

Sem lei passeio até Embankment a minha
angústia civilizada. Aí o laser trespassa
a noite com a sua flora esverdeada,
as suas fitas mortuárias. Com uma fúria
obstinada estendo e recolho os braços
em dádiva e aceitação do que vem,

corpo dedilhado à toa nas cocheiras
até se gravar como uma paisagem sumariamente
perdida para sempre no negativo da visão.
Entre as farpas da música, nesse desespero verde
e polido que sulca a noite, perco-me o nome
e o rasto. Fora, a lua podia ser o meu caixão.

© Paulo Teixeira & Gótica
aus: Autobiografia Cautelar
Lisboa: Gótica, 2001
ISBN: 972-792-031-4
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Heaven underneath the arches

deutsch

Angst und die Ermüdung täglicher Erschütterungen
treiben mich auf die Straße, dorthin, wo nur lebt,
wer den Anblick des Zwielichts zu Hause nicht erträgt.
Draußen erwartet mich das Licht des Londoner Himmels
und die den Schlaf abtreibende Nacht. Jenes dunkle
Brausen der Schönheit, die mir von weitem zuwinkt,
wie eine Ampel oder ein Gefahrensignal.

Ohne System führe ich meine kultivierte Beklemmung
bis Embankment spazieren. Dort durchdringt der Laser
die Nacht mit ihrer grün aufscheinenden Flora,
ihren Leichenbändern. Mit beharrlicher
Wut strecke und beuge ich die Arme,
im Geben und Nehmen dessen, was kommt,

ein in den Ställen blindlings befingerter Körper,
bis er sich dann wie eine plötzlich verlorene
Landschaft für immer in das Negativbild einbrennt.
Zwischen den Pfeilspitzen der Musik, in dieser grünen, polierten,
die Nacht durchfurchenden Verzweiflung, gehen mir Name und
Fährte verloren. Draußen könnte der Mond mein Sarg sein.

Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Autobiografia cautelar

portugiesisch | Paulo Teixeira

1

Como se escreve a vida com pronomes trocados,
se tudo nela se recusa a ser uma história
urdida em encontros e aventuras,
país como Helvécia onde nada acontece,
a peça sem mudança de cena onde,
antes de se dar por isso, cai o pano
que o espectador, entre o cínico e o cénico,
duvida alguma vez ter sido içado.    


                        2

Escrever a vida: tarefa odorífera
como a do homem que desenterra cadáveres
e os expõe para dissecação na mesa fria,
fétida cloaca onde não houve Brama
mais que o bramir das ondas,
nem aura que por ti subisse, helicoidal,
dias como serpentinas, céus como ovos de Páscoa,
transubstanciação em pleno dia,
fortuna em descendência colateral,
causas como Bilbau e Belfast,
violação e rapto para uma ilha deserta,
clímaces de ondas electromagnéticas
num qualquer hemisfério cerebral,
hipérbole (fora do poema),
nada que te olhe da altura de dois andares
na hierarquia dos teus dias;
só este sabor biliar que ascende à boca
de uma ferida ulcerada
no eixo transverso da alma.


                        3

Autobiografia do que se perdeu
como bagagem abandonada no passeio
e só a custo resgatas do oblívio;
bocados de canções que algum dia
te prenderam a uma coisa terrena;
o nome de duas ou três cidades
onde terias ficado um dia mais;
rostos que contigo se cruzaram
— puro assomo de beleza na noite —
sem deixarem sequer o leve tambor
dos seus dedos nas espáduas;
amigos em conversa com suas certezas
à mesa da solidão jornaleira;
amigos: perdidos em morte, indiferença,
cabalas de quem julgou que a poesia
podia ser a feira que lhes faz falta.


                        4

Autobiografia? Só a do efémero
ou do entardecer que dura
como único deslumbramento, fiel a ti
como gravata colorida, pura cenografia
sem palavras, carta do país das Hespérides
onde nunca ninguém foi nem espera de ti resposta.

© Paulo Teixeira & Gótica
aus: Autobiografia Cautelar
Lisboa: Gótica, 2001
ISBN: 972-792-031-4
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Einstweilige Autobiografie

deutsch

1.

Wie kann man das Leben mit vertauschten Pronomen schreiben,
wenn alles darin sich sträubt eine Geschichte zu sein,
zusammen gewoben aus Begegnungen und Abenteuern,
ein Land wie Helvetia, wo nichts geschieht,
ein Stück ohne Szenenwechsel, wo
bevor man sich’s versieht der Vorhang fällt,
und der Zuschauer – zwischen Zynischem und Szenischem –
daran zweifelt, dass er je hochgezogen wurde.

2.

Das Leben schreiben: eine aromatische Aufgabe,
gleich der des Menschen, der Kadaver ausgräbt
und sie zum Zerlegen auf den Seziertisch streckt,
stinkende Kloake, wo es kein Brahma gibt
außer dem Branden der Wellen,
auch keine Aura, die helikoidal aus dir emporsteigt,
Tage wie Luftschlangen, Himmel wie Ostereier,
Verwandlung am helllichten Tag,
reich an Seitensprossen,
Streitsachen wie Bilbao und Belfast,
Vergewaltigung und Entführung auf eine verlassene Insel,
das Emporsteigen elektromagnetischer Wellen
in irgendeine Hirnhemisphäre,
Hyperbel (aber nicht im Gedicht),
nichts, was dich in der Hierarchie deiner Tage
aus dem zweiten Stock heraus ansieht,
nur dieser gallige Geschmack, der zum Mund hochsteigt
- aus einer schwärenden Wunde
in der Querachse deiner Seele.


3.

Autobiografie dessen, was als verlassenes Gepäckstück
auf dem Gehweg zurückblieb
und du nur mit Mühe der Vergessenheit entreißt;
Liedfetzen, die dich eines Tages
an etwas Irdisches gebunden haben:
der Name von zwei oder drei Städten,
in denen du einen Tag länger verweilt hast;
Gesichter, die deinen Weg kreuzten
- nicht mehr als ein Hauch nächtliches Schönheit -
und nicht einmal das leichte Trommeln
ihrer Finger auf den Schultern hinterließen;
Freunde im Gespräch mit ihren Gewissheiten
an der Tafel tagtäglicher Einsamkeit;
Freunde: verloren in Tod, in Gleichgültigkeit,
in den Ränkespielen dessen, der die Poesie
als den ersehnten Jahrmarkt ansah.

4.

Autobiografie? Nur die des Flüchtigen
oder des sich hinziehenden Abends, der
als einzige Betörung andauert, dir treu
wie eine bunte Krawatte, reines Bühnenbild
ohne Worte, Brief aus dem Land der Hesperiden,
wo nie jemand war oder auf Antwort von dir wartet.

Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Auto-de-fé

portugiesisch | Paulo Teixeira

Quando o amor é como os papéis velhos
e anseia por mais arte que a do poema
o coração é o forno onde ardem as palavras.

                              *

Nesse dia elas foram, amarradas com barbaste,
viúvas precipitando-se dentro da pira.
Fiquei a vê-las abrirem-se como pétalas
para logo definharem a meus olhos
numa florescência não cumprida.
O seu frémito era ainda uma ânsia minha.

Remexi as cinzas, agitei o ar com as mãos.
Vi como um poema se mostra servil ante o fogo.
E pensei: ardessem também os meus dedos!
Para que o poema não deixe crias ao morrer
e não mais confira o direito à vida
do que nele vai escrito.

                              *

Porque o amor é arte que fica além do poema,
no dia em que não escrever mais poemas
sei que o amor resgatará o meu corpo da chama.

© Paulo Teixeira & Gótica
aus: Autobiografia Cautelar
Lisboa: Gótica, 2001
ISBN: 972-792-031-4
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Autodafé

deutsch

Wenn die Liebe wie altes Papier ist
und nach mehr Kunst als der Dichtkunst strebt,
dann ist das Herz der Herd, wo die Wörter brennen.

  *

Mit Bindfaden verschnürt wurden sie an diesem Tag
zu Witwen, die sich auf den Scheiterhaufen stürzten.
Wie Blüten öffneten sie sich vor meinen Augen,
doch bald schon sah ich sie dahinwelken,
ihr Blühen fand keine Erfüllung.
Noch ihr Erschauern war Teil meines Sehnens.

Ich wühlte in der Asche, verwirbelte die Luft mit den Händen.
Ich sah, wie ein Gedicht sich dem Feuer unterwarf.
Und dachte: wenn doch auch meine Finger brennen würden!
Damit das Gedicht beim Vergehen keine Brut hinterlässt
und dem das Lebensrecht entzieht,
was darin geschrieben steht.

  *

Denn die Liebe steht in der Kunst höher als das Gedicht
und ich weiß: an dem Tag, wo ich keine Gedichte mehr schreibe,
entreißt die Liebe meinen Körper der Flamme.

Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

Agosto, meu país

portugiesisch | Tony Tcheka


Agosto
de evento
& ventos
tem
ventos
trazendo
nuvens
negras
aniladas
cercando
a cidade
descendo
sobre
nós

Vento
tornado
vento
macho
sacudindo
o tempo
mexendo
remexendo
indo
e
vindo
e
  ven tan do

enovelando
abrindo
as portas
d’água

natureza
emocionada
dançando
- a
dança
do vento
no ritmo
marcado
pelos
trovões

Agosto
é
corpo
bronze
de
mulher
feito
espelho
pela
água
da
chuva
abundante
em gotas
bojudas

Agosto
é
chuva
indomada
beliscando
as
casas
de barro
embebendo
a cobertura
de colmo
que logo
pinga
de penúria

Agosto
é
chuva
grossa
sobre
a terra
abrindo
piscinas
para menino
de brinquedo
de lata
nadar
brincar
e
rolar
e
sonhar
e
ser


© Tony Tcheka
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

August, mein Land

deutsch


August
Ereignis
& Winde
hat
Winde
die bringen
schwarze
dunkelblaue
Wolken
die bedrängen
die Stadt
gehen über
uns
nieder

Wind
zu männlichem
Wind
gewendet
rüttelt
die Zeit
schüttelnd
durchwühlend
gehend
und
kommend
und
win dend

verwirrt
und öffnet
die Pforten
des Wassers

aufgewühlte
Natur
tanzt
- der
Tanz
des Windes
im Rhythmus
der Donner-
schläge

August
das ist
bronzener
Frauen-
körper
gespiegelt
im
Wasser
des
Regens
voller
dicker
schwerer
Tropfen

August
das ist
heftiger
Regen
der
an die
Lehm-
häuser
pickt
der das
Stroh-
dach
tränkt
das bald
elend
tropft

August
das ist
schwerer
Regen
auf
die Erde
der Badeseen
schafft
für Jungen
mit Blech-
spielzeug
zum Spielen
und
Balgen
und
Träumen
und
Sein


Aus dem Portugiesischen von Niki Graça

A segunda Pessoa

portugiesisch | Paulo Teixeira

To count the loves one has grown out of
                                                         W. H. Auden


Tu reincides sem nome na lembrança,
presença não conhecida mas desejada
além do véu das estações e dos anos,

distante como dia de sol na bruma,
guardam-te em vão silêncios e demoras;
ao papel vens como lição não decorada,

perdido em missas vazias e solenes,
tu, forma de despedaçamento no meu corpo,
tu, dilaceração sem marca sobre a pele.

A espera queimou já meio caminho
desta vida e para o ar que respiro
não há mão incensaria, estrelas

em vigília na funda noite das galáxias,
sóis negros e prestas nebulosas
que correm para o avesso de Deus.

Lâmpadas e a lua foram guardas destas noites,
sem enlevo e sem futuro, exaladas por uma alma
presa na armação dos últimos laços.

Um desejo pode ser agora o pavor de um anseio
teu tumultuando o sangue em trânsito
pelas moradas do corpo quando esse adejo,

sei, as deixa suspensas na varanda dos sentidos.
Inquiro essa vontade que fez de ti um ser
inacessível a todos os vaticínios, invalidado

em nome e corpo, esboroando-se entre os dedos
como estátua mensurável outrora num desejo
e cinzelada de um sopro contra a luz.

© Paulo Teixeira & Gótica
aus: Autobiografia Cautelar
Lisboa: Gótica, 2001
ISBN: 972-792-031-4
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Die zweite Person

deutsch

To count the loves one has grown out of
     W.H. Auden

Namenlos verfällst du der Erinnerung,
nicht bekannte aber herbei gewünschte Gegenwart
jenseits des Schleiers der Jahreszeiten, der Jahre,

fern wie ein Sonnentag im Nebel,
Stillschweigen und Verzögerungen bewahren dich vergeblich;
als nackte Lektion gelangst du aufs Papier,

verloren in leeren, feierlichen Messen,
du, eine Art Zerstückelung in meinem Körper,
du, spurlose Zerrissenheit auf meiner Haut.

Das Warten hat schon die Hälfte dieses Lebenswegs
verbrannt und für die Luft, die ich atme,
gibt es keine Hand als Räucherschale, wachende

Sterne in der tiefen Nacht der Galaxien,
schwarze Sonnen und schnelle Sternennebel,
die zur Kehrseite Gottes eilen.

Lampen und der Mond waren Hüter dieser Nächte
ohne Zauber, ohne Zukunft und einer Seele entströmt,
die im Gerüst letzter Bande gefangen liegt.

Ein Wunsch kann nunmehr Furcht vor deiner Sehnsucht sein,
die das Blut auf der Reise durch die Wohnsitze des Körpers
in Aufruhr versetzt, wenn jenes Flattern

- das weiß ich - sie hängen lässt auf der Veranda der Gefühle.
Ich befrage jenes Streben, das dich zu einem Wesen
mit ungültigem Namen und Körper machte, unzugänglich

für alle Weissagungen, eine Statue, messbar einst in einem Wunsch,
gemeißelt aus einem Hauch gegen das Licht,
die zwischen den Fingern zerbröckelt.

Aus dem Portugiesischen von Niki Graça