Érica Zíngano
elucubrações filosóficas
elucubrações filosóficas
para Andréa Catrópa
caldo knorr – who knows
se a verdade, verdadeira
é sempre um prato
vazio
que nem se come frio
como a vingança vencida
pergunto enquanto
a colher de pau
gira, gira
a minha mão
contra o teflon preto
sem reflexo
beterrabas e batatas tomate
mal cortado
em cubos
cenoura cebolas abobrinhas
cheiro de gordura velha
a ventoinha
nos nervos, exaustor
ligado - insistente
me diz caldo knorr
do you know
se nesse tempero
cheio de glutamato
monossódico
antioxidantes
vapor
e poeira do dia
eu posso encontrar
um dos meus últimos retratos?
pequenas bolhas d’óleo descem
formigas no osso
da galinha
o próprio sangue
sem penas
coágulos
para engrossar o caldo
mais reforço escarlate
colorau
e pimentões vermelhos
pouco ou muito sal
é o gosto do freguês
por fim (grand finale)
salpico salsinha, são cinzas
de cigarro
não tem segredo essa receita
mas desisto de comer – sozinha