Johannes Augel
Translator
on Lyrikline: 6 poems translated
from: البرتغالية to: الألمانية
Original
Translation
A PALAVRA NEGRO
البرتغالية | Cuti
a palavra negro
tem sua história e segredo
veias do São Francisco
prantos do Amazonas
e um mistério Atlântico
a palavra negro
tem grito de estrelas ao longe
sons sob as retinas
de tambores que embalam as meninas
dos olhos
a palavra negro
tem chaga tem chega!
tem ondas fortessuaves nas praias do apego
nas praias do aconchego
a palavra negro
que muitos não gostam
tem gosto de sol que nasce
a palavra negro
tem sua história e segredo
o sagrado desejo dos doces vôos da vida
o trágico entrelaçado
e a mágica da alegria
a palavra negro
tem sua história e segredo
é o bálsamo para o medo
em chagas aberto no corpo de nosso país
a palavra negro
sumo deste solo
nos neurônios da raiz.
Cuti
(Batuque de Tocaia)
from: Batuque de Tocaia ,
São Paulo: Ed. do Autor, 1978
Audio production: 2002 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin
DAS WORT NEGRO
الألمانية
das Wort negro
hat seine Geschichte und sein Geheimnis
Adern des São Francisco
Wehklagen des Amazonas
und ein atlantisches Mysterium
das Wort negro
hat den Schrei entfernter Sonnen
Töne unter der Netzhaut
von Trommeln, die die Sehnsucht wiegen
den Augenstern
das Wort negro
hat Wunden, hat Wut!
hat starkweiche Wellen an den Stränden der Zuneigung
an den Stränden der Geborgenheit
das Wort negro
das viele nicht mögen
hat den Geschmack aufgehender Sonne
das Wort negro
hat seine Geschichte und sein Geheimnis
den heiligen Wunsch der holden Flüge des Lebens
die tragische Verwicklung
und die Magie der Freude
das Wort negro
hat seine Geschichte und sein Geheimnis
ist Balsam gegen die klaffende Angst
in den Wunden am Körper unseres Landes
das Wort negro
Saft dieser Erde
in den Nervenzellen der Wurzel.
Unveröffentlichtes Manuskript
QUEBRANTO
البرتغالية | Cuti
às vezes sou o policial
que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada
às vezes sou o zelador
não me deixando entrar
em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredito
às vezes sou o amor
que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo com o vazio
às vezes as migalhas do que
sonhei e não comi
outras o bem-te-vi
com olhos vidrados
trinando tristezas
um dia fui abolição que me
lancei de supetão no espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida
uma constituição que me promulgo
a cada instante
também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser
às vezes faço questão
de não me ver
e entupido com a visão deles
me sinto a miséria
concebida como um
eterno começo
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo
e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes!...
from: Moema Parente Augel (Hg.): Schwarze Poesie. Poesia Negra
St. Gallen / Köln / São Paulo: Edition día, 1988
ISBN: 3-905482-38-X
Audio production: 2002 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin
WIE VERHEXT
الألمانية
manchmal bin ich der Polizist und verdächtige mich
verlange von mir den Ausweis
und selbst wenn ich ihn habe
nehme ich mich fest
und knüpple auf mich los
manchmal bin ich der Hauswart
lasse mich nicht hinein in mich selbst
es sei denn
durch den Dienstboteneingang
manchmal bin ich mein eigenes Vergehen
die Geschworenen bei Gericht
die Strafe die dem Schuldspruch folgt
manchmal bin ich die Liebe und wende mir mein Gesicht ab
Verhexung
Quälgeist
urtümliche Einsamkeit
und umgebe mich mit Leere
manchmal die Krümel meiner Wunschträume die ich nicht aß
auch der Singvogel mit verloschenen Augen
Traurigkeit zwitschernd
einst war ich Sklavenbefreiung und warf mich ungestüm
in die Verblüffung
danach ein abgesetzter Kaiser
die Republik mit einem Herzen voller Kungeleien
und dann eine Verfassung die ich mir erlasse jeden Augenblick
auch die aufwallende Gewalt eines Impulses die mich umstülpt
mit Anfällen von Kalk und Gips
bin ich sogar
manchmal will ich mich beharrlich nicht sehen
und verstopft von ihrer Sicht
fühle ich mich als Elend wie ein ewiger Anfang
ich schließe die Umzäunung
bin die Geste die mich leugnet
der Schnaps der mich trinkt und betrinkt
der auf mich gerichtete Finger
und denunziere
den Punkt an dem ich mich aufgebe.
manchmal! ...
In: Moema Parente Augel (Hg.): Schwarze Poesie. Poesia Negra. Afrobrasilianische Dichtung der Gegenwart.
Portugiesisch/Deutsch. St. Gallen/Köln: Edition día 1988.
SOBRE AS CICATRIZES
البرتغالية | Cuti
até mesmo o lamento
possa olhar nos olhos
sem se ajoelhar
não seja a poesia
o álibi
a quem imolou a dignidade
ao invés de se rebelar
contra a ridícula maldição etílica
de noé
sejamos mais felizes
ao desnudar as partes do livro
para que a beleza floresça mais fecunda
sobre as cicatrizes
é também um jogo de búzios
o poema
à beira deste fogo
onde no crepitar das chamas
a paixão responde ao “-que farás?”: - QUE FAREMOS?
irmão, minha irmandade
nada tem de rosário
meu deus
é revolucionário
histórias libertárias ainda são narradas
na maciez do escuro
por isso da melancolia vamos extrair o mel
e não as cólicas místicas
que avalancham de silêncio e cal
nossas línguas
e nos rodeiam com fantasmas
de senhores de engenho
e anjos entoando
sabemos com o quanto de branco
se desfaz uma pessoa colorida
quando a cidade pobre de curvas
faz seu trottoir em nosso anseio
roda a bolsinha recheada de angústia
racismos
e pesadelos
exibindo seu titubeio
e de nada adianta
ofertares a outra face
traseira
porque os judas, eles, te chutam do mesmo jeito
e dão normal seguimento
à liturgia
abençoando a mais-valia
teus cueiros borrados de alvuras
não se esfregam no cenho
não se lavam no pranto
mas nas ondas de um novo canto
brilhantes e puras
que nos vêm do âmago
e o poema
é também um ebó de sonho e sangue
na encruza do que se crê
(-laroiê!)
estamos libertando do pelourinho
a palavra
e com suas asas
tingiremos de alegria
o hesitante horizonte das metáforas magoadas
e das metáforas medrosas.
Cuti
(Flash Crioulo sobre o Sangue e o Sonho)
from: Flash Crioulo sobre o Sangue e o Sonho
Mazza : Belo Horizonte , 1987
Audio production: 2002 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin
ÜBER DIE NARBEN
الألمانية
bis selbst das Klagen
Auge in Auge schauen kann
ohne niederzuknien
soll die Dichtung
kein Alibi sein
für den, der die Würde opferte
statt zu rebellieren
gegen die lächerlich besoffene Verfluchung
des Noah
laßt uns glücklicher sein
wenn wir Teile des Buchs entblößen
damit die Schönheit fruchtbarer blüht
auf den Narben
auch ist das Gedicht
eine Weissagung geworfener Muscheln
am Rande dieses Feuers
wo im Knistern der Flamme
die Frage – „Was machst du?“
zur Leidenschaft wird:
– „WAS WERDEN WIR TUN?“
Bruder, meine Bruderschaft
hat nichts von Frömmelei
mein Gott
ist Revolutionär
noch werden Geschichten von Befreiung
im sanften Dunkeln erzählt
deshalb werden wir aus der Melancholie den Honig saugen
und nicht die mystischen Krämpfe
die wie Lawinen aus Schweigen und Kalk
unsere Sprache überrollen
und uns mit Schreckgespenstern umgeben
von Sklavenhaltern
und Engelschören
wir wissen wie wenig Weiß
einen Farbigen zersetzt
wenn die kurvenarme Stadt
die Bordsteinschwalbe unserer Zukunftsträume
ihr Täschchen voller Ängste schwenkt
voller Rassismus
und Alpträume
und sich torkelnd produziert
und es hilft nichts
die andere Backe hinzuhalten
des Hintern
denn wie Judas werden sie dir nichts als Fußtritte versetzen
und zur Tagesordnung übergehen
zu ihrer Liturgie
und den Mehrwert segnen
deine Windeln sind mit Weiße bekackt
sie werden nicht rein nur vom Zorn
werden nicht in Tränen gewaschen
sondern in den Wellen eines neuen Gesangs
die glänzend und rein
aus unserem Innersten kommen
und auch das Gedicht
ist eine Opfergabe aus Traum und Blut
am Scheideweg des Glaubens
(laroiê!)
wir befreien das Wort
vom Schandpfahl
und mit seinen Flügeln
werden wir den zögerlichen Horizont
der geschundenen Metaphern
der ängstlichen Metaphern mit Freude färben.
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PASSAGEM
البرتغالية | Cuti
de repente chegou o vento, água e fúria
e eu fui o dilúvio
depois a lua brotou
cheia
no céu do susto
quando fui o lobo e seu uivo
até que ela escorresse e
poça de luz
eu pudesse
saciar minha sede
amanhecer antes do inimigo
e tocar
este atabaque incrustado no umbigo.
from: Sanga Poemas
Mazza : Belo Horizonte , 2002
Audio production: 2002 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin
UMBRUCH
الألمانية
plötzlich kamen Wind, Wasser und Zorn
und ich war die Sintflut
danach keimte der Mond
voll
am Himmel des Schreckens
als ich der Wolf war und sein Heulen
bis er zerlief und
Lichtpfütze
könnte ich
meinen Durst stillen
vor dem Feinde erwachen
und diese Trommel schlagen
die im Bauchnabel steckt.
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OFERENDA
البرتغالية | Cuti
leva
a lava leve de meu vulcão
pra casa
e coloca na boca do teu
se dentro do peito
afogado estiver de mágoa
o fogo de outrora
do centro da terra
virá sem demora
porque não há
por completo
vulcão extinto no peito
from: Moema Parente Augel (Hg.): Schwarze Poesie. Poesia Negra
St. Gallen / Köln / São Paulo : Edition día, 1988
ISBN: 3-905482-38-X
Audio production: 2002 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin
GABE
الألمانية
Nimm
die leichte Lava meines Vulkans
mit nach Hause
und nähre deinen
wenn in der Brust
du in Schmerz erstickst
Aus dem Zentrum der Erde
wird dir alsbald
das Feuer von früher wieder entbrennen
Denn kein Vulkan
in der Brust
ist gänzlich erloschen
In: Moema Parente Augel (Hg.): Schwarze Poesie. Poesia Negra. Afrobrasilianische Dichtung der Gegenwart.
Portugiesisch/Deutsch. St. Gallen/Köln: Edition día 1988.
OFÍCIO DE FOGO E ARTE
البرتغالية | Cuti
nossa é esta saga desenhando o silêncio em cores
rebeldia e incenso
ainda que as batalhas
tenham talhado de tão-somente vermelho
lembranças de mar e terra
nosso é este futuro entre luz e sombra
este alto-relevo telúrico
agigantando-se no esboço de todas as madrugadas e no mosaico das tardes
em ondulação muscular galopam as tintas
ao comando de corações pensantes
enquanto gritos vão-se fazendo cantigas sábias
de ninar a memória e seus pincéis incandescentes
se ácidos céus de aço abafam a singela respiração onírica
um afro horizonte reabre seus vitrais
oxumarescendo a vida
nos cios dos séculos
banzaram aguadas lacrimais de anil
agora a mais sutil semelhança epidérmica da história
é linha que realça o elo
do mistério
ousadias de gingar o belo e semear vagalumes sobre as telas
oceânica
esta energia coletiva extrapola a cena de naturezas-mortas
transfigura a moldura
colore a parede branca
e mergulha em vários planos a perspectiva de seus vôos
verdeamarelas garatujas velhas ranzinzando a liberdade
a mão infinitiza em multiplicidade cromática, pele e paisagem de sobejos
desejos
tudo se emprenha de um incessante movimento
vários tons de melanina e a pulsação de um ritual aceso.
Cuti
(Sanga)
from: Sanga Poemas
Mazza : Belo Horizonte , 2002
Audio production: 2002 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin
BERUFUNG AUS FEUER UND KUNST
الألمانية
unser ist dieses Epos das die Stille zeichnet
in Farben, Aufstand und Weihrauch
selbst wenn die Schlachten
die Erinnerungen an Meer und Land
nur in Rot meißelten
ist unser die Zukunft zwischen Licht und Schatten
dieses telurische Hochrelief
das sich riesengroß erhebt in der Verschwommenheit aller Morgen
und dem Mosaik der Nachmittage
in den Wellen der Muskeln galoppieren die Farben
im Takt denkender Herzen
und aus Schreien werden weise Wiegenlieder
und lullen das Gedächtnis ein mit seinen Feuerpinseln
wenn stahlätzende Himmel die schlichte Atmung des Traums ersticken
öffnet ein Afrohorizont seine hochleuchtende Fenster
und erhebt das Leben jubelnd zu Oxumaré
in Jahrhunderte währenden Brünsten
trauerten Todgeweihte im indigofarbenen Tränenmeer
heute betont die subtilste epidermische Ähnlichkeit der Geschichte
die Verbindungslinie
des Geheimnisses
die Kühnheit, sich zum Schönen aufzuschwingen
und Glühwürmchen auf die Bildflächen zu säen
ozeanisch
übersteigt diese kollektive Energie die Szene von Stilleben
verklärt den Rahmen
färbt die weiße Wand
und taucht in vielfältigen Ebenen die Perspektive ihrer Flüge
altes grüngelbes Gekritzel bemäkelt die Freiheit
die Hand verewigt sich in chromatischer Vielfalt,
Haut und Landschaft unendlicher Wünsche
alles geschwängert von unaufhörlicher Bewegung
verschiedener Schattierungen der Haut
und dem pulsierenden Rhythmus eines flammenden Rituals.
Unveröffentlichtes Manuskript