Sarita Brandt 
Translator

on Lyrikline: 16 poems translated

from: البرتغالية, الرهايتو-رومانس to: الألمانية, البرتغالية

Original

Translation

(Uma espera a G. G. Marques. Ninguém escreve ao Coronel)

البرتغالية | Armando Artur

Aqui recomeça
O coração da noite.
Na aresta do nosso desdobramento
Celebramos o coração que sangra
De tanto esperar.
Aqui nenhuma procissão se amotina
No coração da noite dividida.

(Noite de Neto ou Neruda?)  

No coração da noite
Há uma esperança ao relento.

© Armando Artur
from: No Coração da Noite
Maputo: Texto Editores, 2007
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

(Warten à la G. G. Marques. Niemand schreibt an den Oberst)

الألمانية

Hier pocht von neuem
das Herz der Nacht.
Am scharfen Rand unseres Scheidewegs
zelebrieren wir das Herz, das blutet
vor endlosem Warten.
Keine Prozession wird zu Aufruhr hier
im Herzen der gespaltenen Nacht.

(Der Nacht von Neto oder Neruda?)

Im Herzen der Nacht
keimt eine Erwartung im fallenden Tau.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

(Um delito, duas faces)

البرتغالية | Armando Artur

Há um delito incomum  
No coração da noite.
Um homem e uma mulher
São cúmplices do mesmo
Disfarce. Cara ou coroa?
No coração da noite
Há uma causa insustentável.
A natureza (des)umana está
No gesto ímpio e ignóbil
Que ensaiamos para além
Do coração da noite.
Cara ou coroa?

© Armando Artur
from: No Coração da Noite
Maputo: Texto Editores, 2007
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

(Ein Verbrechen, zwei Seiten)

الألمانية

Ungewöhnlich ist das Verbrechen
im Herzen der Nacht.
Ein Mann und eine Frau
sind Komplizen im gleichen
Versteckspiel. Kopf oder Zahl?
Im Herzen der Nacht
wurzelt eine verlorene Sache.
Die (un)menschliche Natur äußert sich
in der herzlosen und gemeinen Tat,
in der wir uns üben jenseits
des Herzens der Nacht.
Kopf oder Zahl?

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

(EXCURSÃO PELO RIO CONGO EXCURSÃO PELA MEMÓRIA)

البرتغالية | Armando Artur

Nesta hora do pôr-do-sol
sobre o barco e águas
corredoras
algas caladas
aves acocoradas,

eu sei simplesmente
que sou um dos convivas
a bordo da alegria de Maio de 1987
pelos mistérios do rio Congo.

na memória desenha-se minha gente:
crianças guardando a fome, a sede, o luto,
por detrás do amargo sorriso.

a bordo desta efémera alegria
sei apenas que sou um dos convivas
de entre os que trazem na lembrança
seus sonhos, suas bandeiras
suas chagas abertas ao tempo.

agora que importa falar do vento,
das águas, do sol, dos pássaros?
ignoro a natureza das coisas.


falo apenas desta dor que me acompanha,
do sangue que me nasce do Índico
e desagua no meu coração.

o barco e as águas correm...
segredo é a mensagem
que elas me anunciam.
meu rosto denuncia certa impaciência
e meus olhos trémulos nada ocultam
e nada dizem, apenas calam

(agora que é noite
há menos dureza na lembrança
somente alguns versos
e alguns rostos que contemplei.)

© Armando Artur
from: O Hábito das Manhãs
Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 1990
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

(AUSFLUG AUF DEM KONGO AUSFLUG IN DIE ERINNERUNG)

الألمانية

Beim Untergang der Sonne
über dem Boot und den strömenden
Wassern,
stummen Algen,
kauernden Vögeln,

weiß ich schlichtweg,
dass ich einer der geladenen Gäste bin
an Bord der Freude im Mai 1987
auf dem geheimnisumwitterten Kongo.

Im Kopf  taucht auf das Bild meiner Leute:
Kinder, den Hunger, den Durst, die Trauer
tief verbergend hinter dem bitteren Lächeln.

An Bord dieser vergänglichen Freude
weiß ich nur, dass ich einer der Gäste bin
unter denen, die wach halten die Erinnerung
an ihre Träume, an ihre Fahnen,
an ihre bloßliegenden Wunden.

Wozu also Worte verlieren über den Wind,
die Wasser, die Sonne und die Vögel?
Die Natur der Dinge ist mir unbekannt.

Ich rede nur von diesem Schmerz, der mich begleitet,
Blut, das entspringt aus der Mitte des Indischen Ozeans
und sich direkt in mein Herz ergießt.

Das Boot und die Wasser gleiten dahin...
geheim ist die Botschaft,
die sie mir verkünden.
Mein Gesicht verrät eine gewisse Ungeduld
und mein unruhiger Blick verbirgt nichts
und sagt nichts aus, er verschweigt nur.

(Nun, da es Nacht ist,
verschwimmt die Erinnerung,
es bleiben nur ein paar Verse
und ein paar Gesichter, die ich betrachtet habe.)

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

(As laudas da solidão)

البرتغالية | Armando Artur

Cítaras e marimbas
No coração sangrado.
Inevitável é o adeus
Na aba da noite.
Poemas ditongais
Vão gotejando nas páginas
Da solidão. Cacimba.

© Armando Artur
from: No Coração da Noite
Maputo: Texto Editores, 2007
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

(Die Blätter der Einsamkeit)

الألمانية

Basszithern und Trommeln
in dem gebrochenen Herzen.
Unausweichlich ist der Abschied
zum Ausklang der Nacht.
Klagende Verse
tröpfeln auf die Seiten
der Einsamkeit. Alles in Grau.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

OS FAZEDORES DE PROMESSAS

البرتغالية | Armando Artur

Como destilar verdades
nestas palavras com odor a mofo?
até eu poderia emprestar-lhes um ar de sândalo
não fosse a febre nocturna dos búzios.
Há muito que os fazedores de promessas
Emigraram sem que ninguém os lembrasse
dos gestos obscenos deixados para trás.
Quantos sonhos cabem numa palavra?
E quantas lágrimas numa cabaça?
Diziam-me que o mundo era pertença de todos.
E enganaram-me quando não acreditei.
Pois as palavras já não enchem a panela de barro.
Só o Inverno sabe o quão é difícil
suportar as folhas caídas nas estepes.
Mas nenhuma ausência os entristece?
Nem mesmo a dor os alucina?

© Armando Artur
from: Os Dias em Riste
Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2002
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Die Absichtserklärer

الألمانية

Wie aber Wahrheiten destillieren
in diesen Worten mit muffigem Geruch?
Ich könnte ihnen sogar den Duft von Sandelöl verleihen,
wäre nicht das nächtliche Fieber der Tritonshörner.
Vor langer Zeit sind die Absichtserklärer
ausgewandert, ohne dass jemand sie
an ihre verwerflichen Taten erinnert hätte.
Wie viele Träume passen in ein Wort?
Und wie viele Tränen in eine Kalebasse?
Sie hatten mir versichert, die Welt gehöre allen.
Und mich getäuscht, als ich es nicht glauben wollte.
Denn mit Worten lässt sich der Tontopf nicht mehr füllen.
Nur der Winter weiß, wie schwer es ist,
den Anblick welker Blätter in den Steppen zu ertragen.
Kann denn kein Mangel ihre Trauer wecken?
Kann nicht einmal der Schmerz sie verführen?

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Mulher à janela

البرتغالية | Paulo Teixeira

Ela queria tomar o partido do visível,
a visão como vela armada para a viagem,
tensa como a corda do arco
na suspensão do gesto inocente sobre a seta.
Debruçada, num ofício de corpo presente,
viu passar toda a blandícia na brisa.

Agora recolhe-se ao copo facetado
de que uma só face dá para o mundo
como a alma no azul escuro de um vitral,
o vinho quente no fundo de um cálice:
o quarto onde guarda o estojo da sua vida
com o sombreamento do dia no soalho.

Exasperada pela cintura de gelo da vidraça,
para onde declina lentamente a face,
estenderia o braço se o ser em cada coisa
lhe fosse dado tocar: o mundo
de que ela fosse mais que o alto-relevo
fixo para sempre na moldura da janela.

© Paulo Teixeira & Editorial Caminho
from: Túmulo de Heróis Antigos
Lisboa : Editorial Caminho, 1999
ISBN: 972-21-1264-3
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Frau am Fenster

الألمانية

Sie wollte sich dem Sichtbaren verschreiben,
den Blick gehisst wie ein Segel für die Reise,
gespannt wie die Sehne des Bogens,
innehaltend voller Unschuld am Pfeil.
Hinausgelehnt, diesseits doch nicht da,
sah sie alle Sanftmut in der Brise vergehen.


Nun zieht sie sich zurück in das geschliffene Glas,
von dem nur eine Facette der Welt zugewandt ist,
wie die Seele im Königsblau einer Fensterrose,
der glühende Wein in der Tiefe eines Kelchs:
in das Zimmer, wo sie ihr Lebensetui verwahrt,
mit dem Schatten des Tages auf den Dielen.


Eingeschnürt von dem eisigen Fenstergurt,
zu dem hin sie langsam ihr Antlitz neigt,
würde sie den Arm ausstrecken, wäre das Sein
aller Dinge zu berühren ihr vergönnt: die Welt,
von der sie mehr verkörperte als nur ein Relief,
für immer gebannt in den Rahmen des Fensters.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Mort

الرهايتو-رومانس | Leo Tuor

mia pli cara amitga
ti che vas enta letg cun tuts
tei hai jeu il pli bugen
ti spetgas mei di e notg
jeu vegnel aunc buc
aber jeu vegnel
jeu sai, cara
che ti rias cu ti vegnas per mei
aber jeu lahrognel lu ella ragogna
mia pli cara amitga
il davos turnier s'auda mo a ti
perquei ch'jeu hai tei il pli bugen
perquei che ti eis gesta
e dormas cun tuts

jeu spetgel vess sin tes dents rients,
cara

© Leo Tuor
from: metaphorá. Zeitschrift für Literatur und Übertragung. Heft 3/4
München: Hrsg. J. G. Blum, M. v. Killisch-Horn, 1998
ISBN: 3-923646-99-2
Audio production: 2000 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

Morte

البرتغالية

minha mais cara amiga
tu que vais para a cama com todos
é a ti que eu mais quero
esperas por mim dia e noite
ainda não vou
mas irei
sei, cara
do teu riso quando me vieres buscar
e rio baixinho durante o arreganho
minha mais cara amiga
só a ti pertence o derradeiro duelo
porque é a ti que eu mais quero
porque és justa
e dormes com todos


altivo, espero os teus dentes ridentes
cara

Tradução do rétro-românico e do alemão Anneliese Mosch e Sarita Brandt

MONTE TUMBINE

البرتغالية | Armando Artur

Ainda é possível adormecer
e acordar com a lembrança duma espiga
de milho acenando ao Minotauro.
A tempestade não regressa tão já.
O monte Tumbine desabou
porque a procissão já ia no adro quando
os grilos pararam de sussurrar à gente.
Os deuses não foram feitos de vertigem.
E nem de bruma. Mas há quem diga
que as pedras já não segredam com os mortos,
para não sonegar o nome das coisas.
Nem sombra, nem rasto
e nem uma única pluma das corujas.
Tudo se foi como se nada houvesse
nem princípio, nem fim.

© Armando Artur
from: Os Dias em Riste
Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2002
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Der Berg Tumbine

الألمانية

Überdies gelingt es, einzuschlafen
und aufzuwachen mit der Erinnerung an
einen Maiskolben, den Minotaurus lockend.
Das Unwetter kommt so bald nicht zurück.
Bergstürze an den Flanken des Tumbine,
das Ticken der Zeituhr war nicht zu überhören,
als das Zirpen der Grillen nicht mehr ans Ohr drang.
Nicht die Schwindelgefühle riefen die Götter hervor.
Auch nicht die Nebelwände. Es heißt jedoch,
die Steine flüsterten den Toten schon nichts mehr zu,
um den Namen der Dinge nicht zu verschleiern.
Weder Schatten, noch Spuren,
nicht eine einzige Feder von den Eulen.
Alles ist vorübergezogen, als gäbe es nichts,
weder Anfang noch Ende.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Monge na orla do mar

البرتغالية | Paulo Teixeira

I

Com a santidade de quem se deixou ficar
sobre um chão de cal apagada,
olha a amplidão do espaço à sua frente
num cabo lançado sobre o mar.

Permanece hirto como osso temporal
depois que o tempo passou. Presciência a sua,
imóvel, neste fundo brenhoso da noite.
Pergaminho enrugado onde lesse os sinais,

o mar fumega frases obscuras para o céu.
As gaivotas ouvem-se gritando em roda,
indo, esmoleres do escuro e das horas.
Mas nem o oceano revolto nem o céu baço

espelham verdades que lhe sirvam, hoje,
com o seu rosto de ave nocturna perscrutando
sobre um manto de basalto que lhe pesa
à imposição do Seu dono e Senhor.

Enquanto a brisa lhe cristaliza as faces,
espera que nessa fenda escura do espaço
um astro apareça e brilhe. Apoia a cabeça na mão -
pudesse e desejava para o sono a eternidade.

© Paulo Teixeira & Editorial Caminho
from: Túmulo de Heróis Antigos
Lisboa: Editorial Caminho, 1999
ISBN: 972-21-1264-3
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Der Mönch am Meer

الألمانية

Mit der Heiligkeit eines, der verharrend
auf einem Boden gelöschten Kalkes steht,
betrachtet er den weiten Raum vor sich
auf einer ins Meer ragenden Landzunge.


Wie versteinert steht er da, ein irdischer Knochen,
nachdem die Zeit verging. Vorsicht läßt er walten,
regungslos, vor dem dichten Hintergrund der Nacht.
Als läse es Zeichen auf zerknittertem Pergament,


dampft das Meer undeutliche Sätze gen Himmel.
Ringsum das schrille Kreischen der auffliegenden
Möwen, Bettler nun des Dunkels und der Zeit.
Weder der unruhige Ozean noch der trübe Himmel


aber spiegeln Wahrheiten, die ihm jetzt dienten,
mit seinem eindringlichen Nachtvogelgesicht
über der basaltenen Kutte, die ihm schwer wird,
auferlegt von seinem Herrn und Gebieter.


Während sein Antlitz in der Brise zu Kristall erstarrt,
hofft er, daß in diesem dunklen Spalt des Weltalls
ein Stern aufgehe und leuchte. Er stützt den Kopf in die Hand –
wär’s ihm gegeben, wünschte er für den Schlaf die Ewigkeit.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Laila

الرهايتو-رومانس | Leo Tuor

setila en, cara
tiu um savess encurir tei
ed anflar nus
schon sesaulza il vegl mazzacauras
la lescha ei buca da nossas varts
zuar stat ei scret:
"disturbei buca l'amur"
aber quei san ei buc

aunc inagada tiu egl, mia cara
mo aunc inagada

© Leo Tuor
from: metaphorá. Zeitschrift für Literatur und Übertragung. Heft 3/4
München: Hrsg. J. G. Blum, M. v. Killisch-Horn, 1998
ISBN: 3-923646-99-2
Audio production: 2000 M. Mechner, literaturWERKstatt berlin

Laila

البرتغالية

veste-te, amada
teu homem poderia procurar-te
e nos encontrar
já sopra o velho matacabras
a lei não está a nosso favor
ainda que esteja escrito:
„que não perturbem o amor“
mas eles não o sabem

mais uma vez teus olhos, amada
só uma vez mais

Tradução do rétro-românico e do alemão Anneliese Mosch e Sarita Brandt

CONDIÇÃO HUMANA

البرتغالية | Armando Artur

Nenhuma explicação para o
Paradoxo da nossa condição?
Nenhuma. Pois a equação existencial
Reside no desejo que borbulha nas veias.
O tempo e o espaço ainda se enamoram
Na erosão do nosso contentamento.
O amor não espera quem irremediavelmente
Se retém no fundo da pupila.
O chão e o corpo ainda se digladiam
Na antecâmara da duração.

© Armando Artur
from: A Quintessência do Ser
Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2004
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Das menschliche Dasein

الألمانية

Keine einzige Erklärung für das
Paradoxon unseres Daseins?
Keine einzige. Denn die existentielle Gleichung
ist erfüllt in dem Begehren, das in den Adern wallt.
Zeit und Raum liebäugeln noch miteinander
in der Zerstörung unserer Lebensfreude.
Die Liebe wartet nicht auf den, dessen Bild
sich unsterblich in die Tiefe der Pupille einprägt.
Noch stehen Boden und Körper im Gefecht
im Vorhof der Beständigkeit.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Cidade ao nascer da lua

البرتغالية | Paulo Teixeira

A toda a largura do pano vê-se a cidade
com o seu perfil a velar-se, bizantino,
no poente. Abismada está na própria imagem,
onde o brilho do crisólito lembra,
num relance, o seu esplendor perdido:
invólucro fetal lançado, noite calada,
na água que ressuma, lenta, junto às margens.

O ouro foi todo acrisolado na água
em que ferveram as cinzas e a escória
de metais. A chuva e o vento vão
exfoliando as paredes, moendo as tintas,
até se não reconhecer mais o festo às fachadas.
Entre a solidão hirta das duas torres
a lua, mormosa, insinua-se.

© Paulo Teixeira & Editorial Caminho
from: Túmulo de Heróis Antigos
Lisboa: Editorial Caminho, 1999
ISBN: 972-21-1264-3
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Stadt bei Mondaufgang

الألمانية

Über die gesamte Leinwand erstreckt sich die Stadt,
mit ihrem byzantinischen Profil, sich verschleiernd,
im Westen. Versunken ist sie in ihr eigenes Abbild,
wo das Leuchten des Chrysoliths flüchtig
an ihren verlorenen Glanz erinnert:
Fruchtblase, in nächtlicher Stille ausgestoßen
ins Wasser, das gemächlich ans Ufer plätschert.


Das Gold gänzlich geläutert in dem Wasser,
wo einst Asche und eherne Schlacken
brodelten. Wind und Regen schälen langsam
den Putz von den Wänden, zersetzen die Farben,
bis der Fries an den Fassaden unkenntlich wird.
Zwischen zwei einsam aufragenden Türmen
erscheint verstohlen ein kränklicher Mond.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

CHEGAR E PARTIR

البرتغالية | Armando Artur

Como o Zambeze que corre
nas ribas da terra alheia,
Deslizo na geografia do teu nome

Com pressa de nunca chegar.
Mas o odor de neblina
e a calidez desta noite
lembram-me o eterno destino
de chegar e partir.

© Armando Artur
from: Os Dias em Riste
Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2002
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Ankommen und abreisen

الألمانية

Wie der Sambesi sich seinen Weg bahnt
zwischen Steilufern durch fremde Länder
bereise ich die Geographie deines Namens,

habe es eilig, niemals anzukommen.
Doch der duftende Nebel
und die Wärme dieser Nacht
erinnern mich an ein ewiges Geschick:
Ankommen und abreisen.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Árvore dos corvos

البرتغالية | Paulo Teixeira

I
São uma coroa fúnebre
nos ramos da árvore posta.


II
O bater das suas asas é agora
o rumor das folhas que lhe faltam.


III
Nublada pelo círculo das suas vozes
e cativa como moldura para o sono.


IV
O vento estuda-lhe os gestos,
não se sabe se numa dança ébria


V
ou em acenos que ficaram gravados
como serpente enleada até às raízes em pleno ar.


VI
Sabe como demora deixar de ser,
sumir-se a partir de dentro,


VII
cadáver decompondo-se ainda em vida
num outeiro com vista sobre o mar.

© Paulo Teixeira & Editorial Caminho
from: Túmulo de Heróis Antigos
Lisboa : Editorial Caminho, 1999
ISBN: 972-21-1264-3
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Rabenbaum

الألمانية

I
Sie sind eine Todeskrone,
niedergelassen auf seinem Gezweig.


II
Ihre schlagenden Flügel sind nun
das Rauschen seiner verlorenen Blätter.


III
Er ist von ihrem Stimmenkreis umnachtet
und erbeutet als Stange für den Schlaf.


IV
Der Wind erforscht seine Gesten,
unklar, ob in einem trunkenen Tanz


V
oder in einem Winken, aufgezeichnet
wie verwurzelte Schlangen hoch in der Luft.


VI
Er weiß, wie lange es dauert zu vergehen,
von innen heraus zu verschwinden,


VII
ein Kadaver, der noch zu Lebzeiten verwest
auf einem Hügel mit Blick übers Meer.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

A PEDRA FILOSOFAL

البرتغالية | Armando Artur

O pudor da pedra
está na paciência do sol
que a aquece no frio.

O medo da pedra
está no silêncio que ela traz por dentro,
para não desdizer a sentença dos deuses.


A memória da pedra
está no pó inicial que lhe deu origem,
quando o nada se amotinou
e conquistou o vazio.

A idade da pedra
está no liame das suas asas.
polida ou lascada, ela é antiga.

Tão sereno, o olhar da pedra,
como a fundura dos séculos.
Tão maleável, o corpo da pedra,
como a mão do homem e do lume.
Tão recente, o nome da pedra,
como a própria invenção da fala.

rosto despido é a língua da pedra.
em rochedo ou montanha, ela existe.
e venceu a morte.

© Armando Artur
from: Os Dias em Riste
Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2002
Audio production: 2008 Literaturwerkstatt Berlin

Der Stein der Weisen

الألمانية

Die Schamesröte des Steins
west in der Geduld der Sonne,
die ihn in der Kälte wärmt.

Die Angst des Steins
west in dem Schweigen, das in ihm ist,
um das Urteil der Götter nicht anzufechten.

Die Erinnerung des Steins
west in dem Urstaub, der ihn erschuf,
als das Nichts in Aufruhr geriet
und die Leere erstürmte.

Das Alter des Steins
west im Tauwerk seiner Flügel.
Ob behauen oder geschliffen, er ist uralt.

So gelassen, der Blick des Steins,
wie die Untiefen der Jahrhunderte.
So formbar, der Körper des Steins,
wie die Hand von Mensch und Feuer.
So jung, der Name des Steins,
wie die Erfindung des gesprochenen Wortes.

Die Sprache des Steins ist sein bloßes Gesicht.
Ob als Felsen oder als Berg, er ist da.
Und er hat den Tod überdauert.

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt

Paisagem de inverno com igreja

البرتغالية | Paulo Teixeira

«Nem braçada de lenha ou polvorinho de chifre
assinalam à maneira de cascos o caminho.
Nem berro de animal ou som de corneta acústica
se ouvem no deserto que vai de mim ao vulto
das montanhas como velas enfunadas na bruma.
A terra mudamente foi lavada pela neve
que a noite ilumina com a luz de branca cambraia
ou linho. Descarnadas foram as peles
e passada a carne pelo fumeiro.
Todos beberam esse licor de pétalas maceradas
sentados na távola redonda do entardecer.
Mas nem a luz das candeias nas janelas
ou o vapor doce da comida me dizem,
enquanto um rosário fremente passa
nas mãos frias, “Vem”, “É aqui a tua casa”.»

© Paulo Teixeira & Editorial Caminho
from: Túmulo de Heróis Antigos
Lisboa: Editorial Caminho, 1999
ISBN: 972-21-1264-3
Audio production: 2006, M.Mechner / Literaturwerkstatt Berlin

Winterlandschaft mit Kirche

الألمانية

Weder Reisigbündel noch Pulverhorn
markieren gleich Hufspuren den Weg.
Weder Tierstimme noch Trompetenspiel
zerreißen die Einöde zwischen mir und dem
Schatten der Berge, geblähte Segel im Dunst.
Stumm ward die Erde gewaschen vom Schnee,
der die Nacht erhellt wie ein weißes Batist-
oder Leintuch. Abgezogen ist die Haut,
in den Rauchfang gehängt das Fleisch.
Versammelt um die runde Abendtafel,
haben alle dem Blütenlikör zugesprochen.
Doch weder das Lampenlicht in den Fenstern
noch der süße Dampf des Essens sagen mir,
derweil ein Rosenkranz schaudernd durch meine
kalten Hände gleitet, „Komm“, „Hier ist dein Haus.“

Aus dem Portugiesischen von Sarita Brandt