Maria Teresa Horta
VERSO E VEIA
Vou devagar
por entre as palavras
como se tacteasse o escuro
no rasto da sua luz
Primeiro encontro
a bainha
da saia longa e capuz
Num restolhar inseguro
Feita de anil a cintura
como se fosse de anel
onde poisa a voz diurna
e a página do papel
Mas antes que a dor chegasse
tomei o rumo da boca
onde a palavra obscura
se resguarda no disfarce
No poema ou no sumiço
no vício da haste impura
indo mais longe na queda
na selva da mão veloz
No silvo de verso e veia
do destino de sereia
na arte do coração
onde a escrita se incendeia