Rui Cóias
[Onde a fuligem avança na maresia para o interior]
[Onde a fuligem avança na maresia para o interior]
Onde a fuligem avança na maresia para o interior,
e no meio da hora cálida desaba um passo,
e outra sombra é a sombra de um prenúncio
ou alguém partindo num intervalo de pétalas,
onde cinzas pairam na largueza dos baldios,
gerando o manto de numerosos anos,
já ausentes, e sózinho alguém acolher o orvalho, ouvindo-se vagões em fundo, com o tremular de tudo fluir e num ponto resumir-se,
compreendemos talvez por fim, ainda que por instinto, fugaz parecença, ou sopro macilento, que essa é a vocação da morte.
E porque o caminho é estreito, tal a criança por ele anda, porque o nosso rosto virão em breve tapar na cerimónia, com a deferência de preces inconsoladas, alinhamos a paisagem ao rumo diverso do que foi cartografado, e consoante a latitude, a idade, o local de acesso ou quando a criança já no caminho não está, desfocamos o mundo com a estrela da incerteza, com o tempo que não temos nem iremos ter, cúmplices de um destino que nos liga ao invisível, enquanto diz adeus outra vez mais outra alma que se finda.