Kalaf Epalanga
“mashairi [for upendo]”
“mashairi [for upendo]”
o que quê gera esta geração
acção / estagnação?
do que se alimentam?
como amam
o deserto, o oceano
deus e aborígenes: memoria
e genes: contradição e génese
minha lemba: minha eva
minha sede: minha erva
o exudu que me leva
ao meio, os meios
as urbano - dependências
lisboa - pessoa - negreiros
amo-os desalmadamente
tanto quanto os negros
cujo passado se confunde
com mitos e ausências de amanhas
observo-vos diante: face
o atlântico: as américas
navios negreiros: algodão
imaculado dos campos
dos campos cacau e açúcar
para o ritmo: respiro fundo
- respiro mundo
no tempo: espaço: calma de ninguém
atlântizo o meu horizonte
faço uso da minha luso mestiçagem
o meu estandarte
de vénus a marte
a abordagem é universular
queres ser minha ursa
o brilho guia
incenso: cheiro: óleo de calendula
até o nascer do dia
voltar para casa
nos lábios o sabor e a melodia
que se assobia…
vamos falar de love
enquanto não chove
ke qui bô tá kantâ (o quê que estas a cantar)
vamos fazer mulatos
dar-lhes vidas nos canticos
tua voz minha voz, outras vozes
dom e nozes
que deus dê sorrisos
para os dentes e olhos
quero ver os sisos
que se solta dos gestos
destes actos
a tua nudez num cálice
que se cale o mundo
não sou filho do se!
se fossemos sereias, se!
belo o nu, sexo
sou ângulo sexonico
anglo, a-n-g-o-l-a no verso / convexo
na forma de dar
recebo, interiorizo, desconverso
se te trago
tristeza nas palavras
é o desejo de ser vago
é apenas um querer mudar de assunto
questões para quê
o acto de explicar é vulto
matabixo é mbora farinha musseque
(pequeno almoço é farinha de mandioca)
ta claro, ta dia, ta manha
ta céu sem nuvem
ta estrela marte no céu
ta nice, ta luz, tchafina (bonito)
meu poema afaga
em si a tua melanina
engrossa a vaga
para o kalulu (guisado), rama: meia chama
para apurar - diásporar
canta a saga, me manga
me morde a pele me sangra o poema
se me ama